Desde 2007 que o El Corte Inglés não tinha tão boas notícias para dar aos investidores. As vendas do grupo espanhol subiram pela primeira vez em seis anos e o volume de negócios tocou nos 14.592 milhões de euros, mais 2,6% do que no ano anterior. Dimas Gimeno, presidente da insígnia, disse que esta subida na faturação é superior à média do comércio espanhol e que espera que a melhoria do clima económico ajude a manter a tendência positiva, segundo o jornal espanhol La Razon.

O objetivo do grupo “é recuperar os níveis de rentabilidade e resultados anteriores num mercado cada dia mais completo, e avançar com o objetivo de expansão internacional”, disse Dimas Gimeno.

Mas há quem não esteja tão otimista. O jornalista e diretor da página de mercados do El Condifencial, Alberto Artero, escreveu no blogue da publicação que a retalhista apenas conseguiu uma margem líquida de 0,1% nas vendas. Num momento em que se assiste a uma melhoria do consumo, associada à retoma, esse dado indica uma “precariedade imprópria para quem tem sido uma figura de destaque durante décadas no mundo empresarial”.

Alberto Artero refere-se ao facto de grande parte dos resultados da empresa se dever aos benefícios fiscais (que contribuíram com 103 milhões de euros para o lucro final) e afirma que o El Corte Inglés “tem um problemão”: a pressão dos custos financeiros (pagamento de juros) associada a uma dívida de 5.300 milhões de euros.  O autor sugere que se poderia alienar parte do património imobiliário da empresa, avaliado em mais de 10.500 milhões de euros, para abater dívida e pagar menos juros.

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“Além da utilização deste património como garantia de determinados créditos, não se entende a obsessão do El Corte Inglés em preservar esta parte do seu balanço intacto”, escreveu, acrescentando que o problema não é a alavancagem financeira, mas “a capacidade de gerar recursos que lhe façam frente”.

No domingo, o El Corte Inglés expulsou “um acionista rebelde” do conselho de administração, numa tentativa de impedir o grupo de acionistas que está contra a venda de 10% da empresa ao ex-primeiro-ministro do Qatar, o sheik Hamad bin Jassim bin al-Thani.

A operação envolve, numa primeira fase, um empréstimo no valor de mil milhões de euros, que irá converter-se em ações ao fim de três anos. O investidor receberá ações da empresa, cedidas pela mesma, diluindo a importância dos outros acionistas. Para o presidente do grupo, citado pelo Financial Times, este investimento é um “voto de confiança” no El Corte Inglés.