A Lua vai dominar as atenções do mês de setembro. De dia 27 para 28 teremos a segunda de três superluas consecutivas e o quarto eclipse de uma série (tetrada) que se iniciou em abril 2014 e que acabará agora. A expressão “Lua de Sangue” (Blood Moon, nem inglês) popularizou-se a partir do primeiro eclipse do ano passado, mas mais por motivos religiosos, visto que não tem qualquer significado astronómico. As teorias que circulam na internet sobre o fim do mundo já são tantas que a NASA (agência espacial norte-americana) se viu obrigada a dizer que isto não faz sentido nenhum.
Portanto, deixe as crendices de lado e aprecie esta Lua cheia que parece ser ainda maior do que o normal. A Lua cheia, já na madrugada de dia 28 (às 3h50), acontece cerca de duas horas depois de a Lua atingir o perigeu – o ponto mais próximo da Terra. Juntando isso ao momento do nascimento no horizonte (às 19h10 de dia 27), a Lua vai parecer ainda maior, diz o Observatório Astronómico da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (OAL).
“É normal ver a lua cheia próxima do horizonte muito maior do que quando se encontra mais alta no céu nocturno. Porém este efeito não é óptico, mas apenas cerebral, ou seja, é o cérebro humano que cria a ‘imagem fictícia’ de uma lua enorme, não constituindo uma vulgar ilusão de óptica”, escreve o OAL. Para testar este efeito de “ampliação cerebral”, o Observatório recomenda: “olhe para a Lua cheia próxima do horizonte tape-lhe a metade inferior com uma folha de papel e… surpreenda-se!”.
O eclipse total da Lua coincide com o perigeu, antes das duas horas da madrugada de dia 28, e será visível na Europa Ocidental, incluindo todo o território de Portugal continental e insular. Também poderá ser visto na África Ocidental, América do Sul e Central e leste da América do Norte. E se durante o eclipse a Lua lhe parecer vermelha não estranhe, é que a Terra não consegue bloquear totalmente os raios de Sol que chegam ao satélite e os que lá chegam já tiveram de atravessar a atmosfera terrestre – com todas as interferências que isso implica.
Para os mês de setembro aponta-se também o equinócio – quando o dia tem praticamente tantas horas como a noite – e se dá início ao outono. E ainda os desafios da observação dos planetas. Já sabe que Úrano, na constelação de Peixes, e Neptuno, na constelação de Aquário, só podem ser vistos com telescópio, mas os restantes são mais facilmente visíveis a olho nu.
Vénus, o astro mais brilhante no céu a seguir ao Sol e à Lua, será visível ao raiar da aurora, na constelação de Caranguejo, a este. Pela mesma altura e também a este, mas na constelação de Leão, aparecem Marte e Júpiter. Já Saturno, o planeta dourado e o quarto astro mais brilhante, pode ser visto ao anoitecer na constelação de Balança, a sudoeste, onde reinará sobre o céu noturno do mês. Também no final do dia e na direção oeste, aparece Mercúrio na constelação de Virgem, mas é muito mais fácil de ver, nesta fase, no hemisfério sul do que no norte.