A Fosun, grupo chinês que apresentou uma das três ofertas para o Novo Banco, vai travar o ritmo das aquisições nos próximos dois anos e dar prioridade à consolidação das compras — uma delas é a Fidelidade — já realizadas no setor financeiro e à redução da dívida.
A nova orientação revelada pelo bilionário chinês e presidente da Fosun, em entrevista à agência Bloomberg, coincide com notícias, ainda não confirmadas, de que este grupo chinês se teria afastado das negociações para a compra do Novo Banco depois de se ter mostrado indisponível para elevar a oferta feita em julho. A nova prioridade pode ajudar a explicar o arrefecimento do interesse do grupo pelo banco português.
O conglomerado chinês investiu cerca de 6,4 mil milhões de dólares (5,6 mil milhões de euros) na compra de ativos e e empresas – em Portugal foi a Fidelidade e a Luz Saúde – mas também em outras geografias. O Club Med e e várias propriedades de alto valor em cidades europeias e americanas também entram nesta lista. Uma estratégia que segundo o fundador da Fosun, o bilionário chinês Guo Guangchang, se inspirava no investidor americano Warren Buffett.
Mais capital para reduzir dívida
A expansão da Fosun foi alavancada em dívida e no balanço das empresas financeiras que ia comprando, levando algumas agências de rating a lançar alguns sinais de alerta. Já depois do crash dos mercados chineses, que penalizou também as cotações do conglomerado na bolsa de Hong Kong, a Fosun anunciou na semana passada um aumento de capital da ordem dos 1300 milhões de euros. A redução da dívida é um dos destinos para estes fundos.
Guo Guangchang garante contudo que o grupo foi sempre muito cauteloso e acrescenta: “Iremos sempre analisar novas oportunidades de investimento, mas a nossa principal tarefa agora é focar-mo-nos naquilo que já temos”. De acordo com a Bloomberg, estas declarações produzidas na sexta-feira em Nova Iorque, são o primeiro sinal de que Guo tenciona abrandar o crescimento e consolidar os negócios, diminuindo o nível de endividamento.
A Fosun foi criada por quatro amigos nos 90 e foi comprando ativos financeiros a partir do financiamento avançado por investidores. O conglomerado adquiriu várias seguradoras, utilizando os recursos financeiros desta atividade, para assegurar financiamento de longo prazo que alimentou a recente expansão. O balanço da Fidelidade foi já utilizado no financiamento de várias aquisições fora de Portugal.
Apesar da maior cautela, Guangchang acredita que o pior da turbulência na bolsa chinesa já passou e que a economia chinesa não está tão mal como tem sido retratado.