Os acessórios sexuais, como os dildos ou os vibradores, são seculares. Até aqui, nada de novo. Mas os robôs sexuais (chamar-lhes simplesmente bonecos ou acessórios é ignorar toda a tecnologia que lhes está associada) são algo completamente novo. Um negócio que gera centenas de empregos e faz circular, anualmente, muitos milhões de euros – ou de dólares, uma vez que as duas principais empresas do “sector” (a Sinthetics e a Abyss Creations) são norte-americanas.
Mas vamos lá por partes. Os especialistas em robótica e inteligência artificial crêem que até meados de 2050 os robôs sexuais sejam uma realidade. Estes que hoje existem, ao contrário dos que aí vêm, não se expressam, não se movem (manobram-se, o que é diferente) ou tomam decisões. Mas têm, por exemplo, capacidade de gerar calor como um qualquer corpo humano, e gerá-lo, bem… você sabe.
Tudo o mais, como a aparência, a cor da pele (pele essa que ao toque é surpreendentemente humana, diz quem sabe), dos olhos ou do cabelo (que é real, diga-se), a altura, o comprimento (sim, esse…), é personalizável. “Infinitamente personalizável”, explicou Matt Krivicke ao Independent. E quem é Matt? Matt é natural de Los Angeles. E mais não fazia do que criar máscaras para o Halloween. Mas como o Halloween é só uma vez por ano, Matt resolveu apostar nos robôs sexuais e criar a Sinthetics. Quando questionado sobre se quem compra este tipo de robôs sexuais é pervertido, Matt Krivicke deixa uma interrogação: “As pessoas não têm objeções quanto aos dildos, pois não? E não as têm porquê? Porque não se lhes vê uma cara, nem braços ou pernas? Porque é só um pénis, nada mais?”
Cada um destes robôs — que não são fabricados em massa, são todos diferentes entre si — custa entre cinco mil e 25 mil euros. E não só há quem os compre, como há quem partilhe o que com eles faz. E partilha onde? Na internet, pois claro, em sites como o “The Doll Forum” ou o “Doll Community”. E o que partilham nem sempre é de cariz sexual, mas estético, quase fetichista, partilhando que indumentária, penteados ou maquilhagem preferem ver.
E se há quem peça, por exemplo, um robô em tudo idêntico ao ex-namorado ou namorada (sim, ao contrário do que se possa pensar, os clientes são tanto homens como mulheres — e até transgénero e hermafroditas), outros há que preferem as celebridades, como Beyoncé, Kate Moss ou Brad Pitt. “A maioria dos nossos compradores são fascinados pelo corpo humano e são tão ‘normais’ como qualquer pessoa com que te cruzes na rua. Alguns buscam uma boneca que tão simplesmente os ajude emocionalmente depois da perda de um ente querido, uma vez que não se sentem capazes de começar uma relação nova. As bonecas são uma ‘ponte’ para que a confiança regresse”, explica Matt.
Mas também há quem o faça por fantasia ou por deficiência motora. “Alguns casais encontram nestas máquinas [é como “machines” que Matt trata o robôs sexuais] uma forma segura de introduzir um terceiro elemento à relação… sem que seja traição. Mas podem também ter um papel de substituo sexual quando um dos membros do casal não pode desfrutar do sexo, normalmente por razões de saúde”, lê-se na entrevista ao Independent.