É o dia do idoso e é também o penúltimo dia de campanha eleitoral. Nada mais indicado, portanto, para Passos e Portas falarem para eles, os reformados e pensionistas que terão um voto decisivo no domingo. Foi o que fizeram esta quinta-feira na Trofa, distrito do Porto, naquilo que estava previsto como sendo um “encontro com comunidades seniores” antes de rumarem para a Lousada para, imagine-se, um “almoço com a juventude”. A ideia é mesmo essa, “fazer a ligação entre as duas realidades” e mostrar que “é possível olhar para o futuro com mais confiança”, como assumiu Passos logo de manhã. Falar na recuperação de rendimentos, na eliminação da sobretaxa, na atualização das pensões mínimas ou na taxa de abandono escolar. “Mas isto não são promessas”, garante Passos para afastar a ideia de demagogia pré-eleitoral: “Está tudo previsto no Orçamento do Estado e no programa de estabilidade”.
A ideia é apelar ao voto destes dois públicos fustigados pela crise, mas sem passar a imagem de que são promessas baratas a troco de uma cruz na coligação. Para isso, Passos e Portas apostam na explicação dos motivos que levaram à austeridade, desfazendo um “engano” recorrente: “ouvimos muitas vezes dizer a alguns idosos que lhes cortámos as pensões, mas não, o que veem a menos no recibo é por causa dos impostos e não por corte nas pensões”, disse, sublinhando que o Governo vai “manter a atualização das pensões mínimas, sociais e rurais” e que o “descongelamento das pensões mais baixas foi um aumento pouquinho”, mas foi. E até custou dinheiro ao Estado (70 milhões de euros por ano), disse Passos.
Durante a sua intervenção na Trofa para uma plateia de idosos, teria de ser Portas, discretamente, a segredar atrás de Passos para não se esquecer de outro ponto: “a remoção da sobretaxa dos reformados”, com Passos a garantir que uma parte será devolvida já no proximo ano e de 2016 ate ao final a sobretaxa desaparecera completamente, assim como os cortes salariais. “Mas isto não é uma promessa, feita em vespera de eleiçoes, é o que está previsto no Orçamento do Estado”, disse.
Em sua defesa, “quem tem salários e pensões baixinhas, tem pago pouquinho”, e quem tem salários altos, tem pago a maior percentagem de impostos que se traduz em receita para o Estado. “E isso parece-me justo, parece-me muito social-democrata e democrata-cristão”, disse, como que justificando as opções do governo junto de um público bastante afetado pela crise.
Mas a coligação joga nas duas frentes, e por isso, ao almoço, o discurso foi virado para a juventude, a quem Passos prometeu “não atrapalhar” para que possam “construir o seu futuro”. E atuar no combate às desigualdades sociais e abandono escolar “diretamente na raíz do problema”.
“Humildemente”, Passos continua a não falar de maioria absoluta, preferindo sublinhar a ideia de que as eleições não são uma guerra partidária, mas sim uma escolha para o país. O objetivo é não agudizar o discurso para não assustar e não causar uma sensação de arrogância nem de medo do poder absoluto. Mas esta quinta-feira, a um dia da campanha terminar, voltou a apelar ao voto da maioria. Porque “segunda-feira é tarde demais para correr atrás do prejuízo. É domingo que as escolhas se têm de fazer com absoluta consciência”, disse.