Álvaro Beleza, ex-dirigente do tempo de António José Seguro, vai amanhã manifestar disponibilidade para avançar para a liderança do PS, contra António Costa – líder derrotado na noite de ontem. A informação será confirmada na reunião da Comissão Política do PS marcada para amanhã, terça-feira.

“Eu vou sozinho. Isto foi uma reflexão individual. Serei candidato se não houver outro candidato que tenha mais condições do que eu”.

A decisão do homem que foi um dos mais próximos de António José Seguro na anterior direção diz que olhando para os resultados não poderia fazer diferente. E faz uma leitura para aquilo que Costa não pode fazer a seguir: “Não podemos conseguir na secretaria o que não conseguimos na urna”. Projeto para futuro só mais tarde, mas na base estará uma reinvenção do partido: “O PS tem de se reinventar, tem de protagonizar uma esquerda do século XXI e ser a casa das esquerdas.”

O socialista vai pedir a realização de um congresso extraordinário, que no entanto só poderá ser decidido na Comissão Nacional do partido – o órgão máximo entre congressos – e que deverá ser marcada pela Comissão Política desta terça-feira. Na discussão, o socialista quer ainda pôr em cima da mesa a posição dos socialistas em relação às presidenciais. E com vários candidatos na área do PS, poderá falar-se da possibilidade de o partido não apoiar nenhum candidato.

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Na noite eleitoral, os seguristas deixaram claro que não vão deixar a derrota barata: Álvaro Beleza pediu logo um congresso extraordinário: “O partido tem que fazer uma forte reflexão e uma clarificação em relação ao que aconteceu”, disse Beleza, lembrando “que há um ano” se abriu uma crise no partido porque a vitória não tinha sido suficiente. Com a derrota deste domingo, continuou, é preciso “tirar as devidas consequências”. “Os portugueses não se compreenderiam que não se fizesse um debate interno e ele vai existir, mas de forma clara, serena e tranquila”. Como? Com um congresso extraordinário, até porque a comissão político “é poucochinho”, defendeu Beleza.

Mas houve outros ex-dirigentes do PS a dizer mais. Miguel Laranjeiro disse que Costa devia demitir-se. António Galamba também, por considerar que falhou na unidade do partido e na conquista de uma maioria absoluta (“O que o Dr. António Costa fez ao PS e ao país é criminoso”).

Também João Ribeiro, antigo porta-voz de Seguro, deixou uma mensagem muito crítica a Costa no Facebook. “Uma conferência de imprensa de António Costa absolutamente lamentável. Cada voz do PS que se cale perante este exercício de cinismo e de alienação estará a condenar o PS a uma irrelevância dificilmente recuperável”, escreveu.