Álvaro Beleza foi um dos dirigentes socialistas mais próximos de António José Seguro e manifestou, logo após as legislativas deste mês, a sua disponibilidade para avançar, contra António Costa, para a liderança do Partido Socialista. Beleza não só tencionava pedir um congresso extraordinário, como, antevendo as negociações de António Costa com os partidos à esquerda do PS no Parlamento, afirmou que o partido não pode “conseguir na secretaria o que não conseguiu na urna”.

Álvaro Beleza não apoia a decisão de António Costa de se coligar ou buscar apoios para governar no Bloco de Esquerda e no Partido Comunista. Mas será esta uma decisão de António Costa para não deixar o secretariado-geral? “Logo veremos. Eu só espero que todos os passos que foram dados não sejam para assegurar o poder interno no partido. Admito tudo. Mas espero que não. Quero acreditar que não. Tenho receio que ele acredite, talvez ingenuamente, que com estes partidos [BE e PCP] é possível fazer um governo estável, que dê crescimento ao pais, que não cause problemas maiores ao PS — problemas de que nos venhamos a arrepender”, conclui o ex-dirigente socialista.

“Essa decisão [de não se demitir na noite das legislativas] diz respeito a cada um. O que me parece é que [a não demissão e a intenção de formar um Governo à esquerda] é mau perder, é desagradável. Tudo fizemos para que o PS ganhasse. Mas devemos saber perder e saber ganhar. É como no desporto. Acho que devia haver mais humildade no momento da derrota. Não houve. Mas ainda vamos a tempo”, disse Beleza.

Se o PS perder as eleições presidenciais, uma derrota a juntar à das legislativas, aí sim, António Costa deve retirar-se de cena. Beleza também criticou, nesta entrevista, o “problema” em que António Costa se meteu ao apoiar Sampaio da Nóvoa ao invés de Maria de Belém.

Seja como for, Álvaro Beleza resolveu não avançar para a liderança do PS, pelo menos por enquanto. A decisão foi comunicada esta noite em entrevista à RTP 3. “Não serei candidato. Não é esse o meu objectivo de vida. Mas participarei nos debates internos do Partido Socialista”, explicou, deixando antever que a liderança de António Costa deve ser contestada. Mas não para já.

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