Estamos otimistas“, declarou este domingo a coordenadora do BE, Catarina Martins, sobre as negociações com o PS para uma solução de um Governo de esquerda. No final de uma reunião da mesa nacional, que aprovou por unanimidade a candidatura presidencial de Marisa Matias, a dirigente número 1 do BE lembrou que o partido “apresentou propostas concretas com números ao PS e está agora a aguardar resposta”.

“As negociações são um trabalho complexo, duro, há muitas diferenças, mas PS e BE estão unidos na defesa da Constituição e no garante da mudança de ciclo“, explicou aos jornalistas.

Catarina Martins referiu-se sempre a um eventual Governo de esquerda como um Governo “pelos salários, pensões e emprego”. Confirmou que um dos dossiês essenciais em cima da mesa nas conversas com o PS é a segurança social, mas evitou entrar em detalhes.

“Há razões acrescidas de estabilidade e determinação para que as negociações cheguem a bom porto. O Governo de direita acabou e há hoje possibilidades para um Governo que rompa o ciclo da austeridade e defenda os direitos mais básicos em Portugal. A garantia que o BE dá é que estará sempre ao lado de um governo que fará esta reposição de rendimentos. Continuamos disponíveis e determinados“, disse, referindo-se à aprovação por unanimidade, por parte da mesa nacional, do mandato da equipa negocial que está a conversar com o PS.

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A resolução aprovada por unanimidade fala “na viabilização de um programa de Governo” e “na votação de cada orçamento do Estado”, e não refere a possibilidade de um Governo conjunto com o PS. Contudo, segundo a porta-voz do BE, “não há nenhum limite no mandato“.

A mesa nacional decidiu ainda:

  • a apresentação de uma moção de rejeição do programa de governo da coligação PSD/CDS, no caso de Passos Coelho ser indigitado pelo Presidente da República
  • a inviabilização de qualquer moção de rejeição que a direita apresente contra um programa de governo do Partido Socialista
  • o prosseguimento das negociações com o Partido Socialista com vista à consagração, no programa de governo, de princípios de política orçamental coerentes com a proteção do emprego, salários e pensões e à viabilização de um governo com apoio parlamentar à esquerda
  • o prosseguimento do diálogo com o PCP sobre o processo de negociações com o Partido Socialista e os desafios colocados à esquerda anti‑austeridade no próximo período
  • Promover iniciativas abertas e públicas de debate e proposta, em contacto com a população local, atores sociais e organizações de ativistas, que permitam, de forma não‑hierárquica, não só o mapeamento de iniciativas de organização popular, experiências de solidariedade direta e organizações de movimento social, como também de impulsionamento de discussão sobre estratégia política para a esquerda e a criação de redes de intervenção coordenada.