Dez empresas portuguesas foram responsáveis por 20,4% das exportações nacionais no ano passado. E entre essas empresas há cinco que estão ligadas ao setor automóvel e componentes. Duas pertencem ao grupo Volkswagen, o fabricante alemão que está envolvido no escândalo da manipulação de emissões poluentes.
O Instituto Nacional de Estatísticas (INE) divulgou esta terça-feira um destaque sobre as empresas que protagonizam o comércio internacional onde revela que um quinto do valor exportado no passado foi transacionado pelas dez maiores empresas. O INE não revela os valores associados a cada exportadora, mas em resposta ao Observador, enviou a lista das dez maiores exportadoras por valor exportado:
- Petrogal (refinarias da Galp)
- Autoeuropa
- Portucel Soporcel
- Continental Mabor
- Repsol Polímeros
- Volkswagen Aktiengesellschaft
- Delphi Automotive Systems
- Philip Morris (Tabaqueira)
- Bosh Car Multimedia
- SN Seixal – Siderurgia Nacional
Entre estas empresas, há cinco que estão ligadas à indústria automóvel. Para além das duas sociedades do construtor alemão Volkswagen, onde se destaca a fábrica de Palmela que no ano passado foi o segundo maior exportador, há mais três empresas ligadas ao setor: a Continental Mabor que fabrica pneus, a Delphi Automotive Systems e a Bosh Car Multimedia, duas unidades de produção de componentes para a indústria.
O grupo VW, a Continental e a Bosh são empresas alemãs. Aliás, a Alemanha foi o principal cliente das grandes empresas portuguesas no ano passado, absorvendo 19,6% do valor exportado. Seguiram-se a Espanha e os Estados Unidos.
Mesmo sem considerar o peso setorial, o INE diz que os números “evidenciam uma significativa concentração do valor num número limitado de empresas”. No ano passado, cinco exportadoras foram responsáveis por 16,5% das exportações, enquanto as 10 maiores responderam por 20,4% do valor exportado. O INE revela ainda que se verificou alguma redução no nível de concentração das exportações face ao período de 2010 a 2013, mas foi pouco significativa.
O grau de concentração é ainda mais elevado nos mercados fora da União Europeia onde as cinco maiores exportadoras foram responsáveis por 23% das vendas. Esta dependência de poucas empresas foi aliás visível em 2014, ano em que a paragem para manutenção da refinaria de Sines provocou um susto na evolução das exportações no primeiro semestre.
A lista das exportadoras é liderada, sem surpresas, pela Galp Energia cujas vendas de gasolina para os Estados Unidos e, mais recentemente, de gasóleo para Europa representam entre 7% a 10% das exportações nacionais. Segue-se o grupo de pasta e papel Portucel Soporcel. Estas duas empresas são as únicas do Top 10 que têm como maior acionista um investidor português: Américo Amorim na Galp e Pedro Queiroz Pereira na Portucel.
O resto da lista é dominado por empresas industriais que são controladas por investidores estrangeiros como a Tabaqueira da Philip Morris e a Siderurgia, e por operações portuguesas de multinacionais. É o caso das empresas do setor automóvel e a Repsol Polímeros com atividade em Sines que faz parte da área química da petrolífera espanhola.
As 500 maiores empresas concentraram dois terços do valor exportado por Portugal no ano passado.
Retalho automóvel e alimentar dominam importações
Algumas das maiores exportadoras estão também na lista das empresas que mais importaram no ano passado, como a Galp que lidera a lista, e a Autoeuropa. Isto porque a matéria-prima (petróleo) ou equipamentos (partes de automóvel) usados por estas indústrias são produzidos fora de portas. Eis a lista das dez maiores importadoras.
- Petrogal
- Galp Gás Natural
- Volkswagen Autoeuropa
- Pingo Doce
- SIVA (representante do grupo Volkswagen)
- Modelo Continente
- Lidl
- Mercedes Benz
- Repsol Polímeros
- Peugeot Citroën
O grau de concentração nas importações é mais baixo. As cinco maiores importadoras foram responsáveis por 7,5% dos valores comprados ao exterior. As dez maiores representaram 11,8% das importações. O nível de concentração é maior nas importações fora da União Europeia. O maior fornecedor das cinco principais importadoras foi Angola, seguida da Espanha e da Alemanha, o que indicia que a principal compra terá sido petróleo.
Duas em cada três exportadoras só vendem para um mercado
Para além da grande concentração das exportações, o INE revela ainda que a esmagadora maioria das empresas que vende lá para fora, 69,3% apenas exporta para um mercado. Ou seja, duas em cada três empresas têm apenas um país como destino.
Esta realidade é ainda mais forte nas exportações para a União Europeia, onde 85,6% das empresas têm só um mercado. No entanto, estas sociedades representam apenas 7,6% do valor exportado. As empresas mais diversificadas, com pelo menos 20 mercados, concentram o maior peso no valor exportado, que corresponde a 42,4%.