O interesse do Santander no Banif deverá concretizar-se numa proposta a apresentar nos próximos dias, apurou o Observador junto de fonte conhecedora do processo. A unidade portuguesa do banco espanhol, liderada por António Vieira Monteiro foi uma das convidadas a estudar o processo e é um dos seis interessados a que Jorge Tomé confirmou existirem. Segundo a imprensa, ao Santander juntam-se o Popular, que também tem operações em Portugal, e o fundo norte-americano Apollo Global Management, que concorreu ao Novo Banco.
“Há mar e mar…“. António Vieira Monteiro disse em maio, pouco antes de o Santander ser eliminado da corrida pelo Novo Banco, que no futuro haveria “outras oportunidades” de consolidação no setor bancário português. A declaração do gestor, que diz frequentemente que está “sempre atento ao que se passa no mercado, à [sua] volta”, pode ser lida como uma premonição do adiamento do processo de venda do Novo Banco – não se exclui que o Santander volte a tentar – mas pode adaptar-se, para já, ao interesse numa instituição mais pequena: o Banif.
“Ainda decorrem as negociações” sobre as condições exatas da oferta que o Santander deverá, indicou a fonte, fazer pela posição de 60% do Estado no Banif. Como noticiou o Público, em cima da mesa estará a possibilidade de o Banif ser vendido parcialmente, sendo expurgado de parte ou da totalidade dos 700 milhões de euros em ativos imobiliários que o Banif tem no balanço.
Contactada, fonte oficial do Santander prefere não fazer comentários nesta altura. Segundo noticiou esta terça-feira o Diário Económico, o Governo quer receber as propostas de compra pelo Banif até quinta-feira, dia 17.
Na bolsa de valores, o Banif está a valer 127 milhões de euros, depois das fortes perdas recentes relacionadas com o receio de que o banco fosse alvo de uma resolução. O Estado português injetou 700 milhões de euros em capital no banco e emprestou, além disso, 400 milhões de euros dos quais falta pagar 125 milhões.
Na parte do capital, a injeção previa, inicialmente, que os compradores tivessem de comprar a posição do Estado no banco (na altura de 99%) a um preço superior ao injetado, acrescido de uma taxa de 10% por cada ano que tivesse passado. Essa regra dizia respeito aos acionistas anteriores, caso quisessem recuperar o controlo do banco, mas serviu de referência – durante algum tempo – para as negociações com outros privados. Mas a desvalorização do banco em bolsa e a pressão sobre a instituição tornou esse valor, cada vez mais, uma miragem.
O Santander Totta aprovou esta semana, em assembleia-geral extraordinária, um aumento de capital de até 300 milhões de euros.