Coligação de direita em Espanha não haverá: quem o garante é Albert Rivera, líder do Ciudadanos, que se encontra à esquerda do Partido Popular, de Rajoy, e à direita do Partido Socialista espanhol, de Pedro Sánchez. “Se não ganharmos [o cenário mais provável, segundo as sondagens], estaremos na oposição, e debateremos tema a tema, caso a caso e lei a lei. E impulsionaremos reformas” no país, afirmou Albert Rivera, em declarações citadas pelo jornal El País. E disse mais: “Não queremos que continuem os mesmos. Não o farão com o nosso apoio”.

Se as palavras forem levadas à prática, a afirmação significa que o Ciudadanos não estará disponível para formar uma coligação de governo com o PSOE ou com o PP, dependendo de quem vencer as eleições legislativas espanholas, do dia 20 de dezembro de 2015.

O cenário é mais grave para Mariano Rajoy do que para Pedro Sánchez, por duas razões: a primeira é que as sondagens apontam todas para que o vencedor das eleições seja o Partido Popular e que as vença com maioria relativa; a segunda é que Pedro Sánchez e Pablo Iglesias, líderes do PSOE e Podemos (respetivamente) já deram a entender que não se coligarão com o PP se este vencer as eleições. Pelo que a Mariano Rajoy restava um apoio do Ciudadanos.

Assim restará ao primeiro-ministro Mariano Rajoy negociar os orçamentos anuais com as restantes forças políticas – sobretudo com o Ciudadanos. Isto é, o PP governaria da mesma forma que José Sócrates governou, em Portugal, entre 26 de outubro de 2009 e 21 de julho de 2011: sem maioria absoluta e precisando de entendimentos pontuais com os outros partidos para assegurar a estabilidade do executivo.

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Socialistas a governar sem vencer? “Nim”

Quem também foi questionado esta quarta-feira sobre eventuais acordos pós-eleitorais foi Pedro Sánchez, líder do Partido Socialista Espanhol. O jornal El Español já havia sugerido que Pedro Sánchez não descartava governar mesmo não sendo o partido mais votado nas eleições de 20 de dezembro. Agora, questionado sobre o tema, Sánchez deu uma resposta inconclusiva: nem sim nem não.

À pergunta “Se não ganhar, tentará formar uma maioria alternativa?”, o líder do PSOE afirmou simplesmente: “Aspiro a ganhar as eleições”. Ou seja, não respondeu à questão, pelo que a possibilidade de fazer o mesmo que o PS de António Costa fez em Portugal se mantém. E foi bem menos taxativo do que no dia 4 de dezembro, altura em que afirmou que “haverá continuidade” se o PP for o mais votado, e que só haverá mudança se o PSOE for a força política com mais votos – nem que seja “com um a mais” do que o PP.

Tudo dependerá, assim, do posicionamento do Ciudadanos, e de eventuais negociações pós-eleitorais entre o partido de Rivera e o partido de Rajoy. Porque com o Podemos e o PSOE o PP já sabe que não poderá contar para aprovar o seu programa de governo.