O Tesouro português fechou o financiamento de 2015 nos mercados de capitais com uma emissão dupla de dívida a curto prazo: três e 11 meses. No prazo mais curto, sem surpresa, a taxa de juro voltou a ficar abaixo de zero o que é fruto dos estímulos monetários em curso por parte do Banco Central Europeu (BCE).
A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) confirmou esta quarta-feira a colocação de quase mil milhões de euros em bilhetes do Tesouro. Foram colocados 248 milhões de euros em títulos a três meses, a um preço de que pressupõe uma rendibilidade de -0,023% – a mais baixa de sempre. Além destes, o IGCP emitiu 750 milhões em bilhetes com vencimento a 18 de novembro de 2016: aqui, a yield média foi de 0,03%.
O Observador explicou neste texto a razão por que Portugal e quase todos os outros países da zona euro estão a pagar taxas negativas em prazos mais curtos.
“As operações correram dentro do que vem sendo a normalidade: continuamos a ser suportados pelo BCE e pelo seu programa de compra de ativos”, afirma Filipe Silva, diretor da gestão de ativos do Banco Carregosa. “À conta disso, Portugal anda há um ano a financiar-se a taxas que de outro modo seriam impossíveis de conseguir. Resta-nos aproveitar esta fase para refinanciar a dívida pública a taxas mais baixas, num dos casos, a três meses, com a taxa mais baixa de sempre”, acrescenta o especialista.
Já Pedro Ricardo Santos, gestor da corretora XTB Portugal, salienta o “ligeiro aumento da taxa a 11 meses. Os investidores demonstram assim alguma preocupação, comparativamente à operação de novembro, com as recentes cedências do PS aos partidos de esquerda parlamentar nas negociações relativas à redução da taxa extraordinária, numa altura em que decorre a concertação social para aumento do salário mínimo”.