Tinha uma mochila e quatro latas de tinta em spray e foi encontrado pela segurança da CP nas traseiras da estação de comboios de Campolide, em Lisboa. Tinha caído e magoado o pé direito. Aparentemente, era apenas mais um adolescente de 17 anos que tinha grafitado um vagão – e que, segundo uma testemunha no local, não parecia inexperiente -, até que as autoridades perceberam que era Eduardo Fava, filho mais novo de José Sócrates, conta a edição desta quinta-feira da revista Sábado. De acordo com os depoimentos das testemunhas, Eduardo não estava sozinho. Tinha grafitado o comboio com mais dois jovens. Apenas dois foram constituídos arguidos.
O acontecimento de 4 de maio de 2013 fez com que o jovem fosse alvo de um processo-crime pelo Ministério Público. Foi o advogado João Araújo que pegou no processo, que decorreu enquanto Eduardo viveu com o pai em Paris. Eduardo foi chamado a depor em outubro de 2013, mas a mãe informou as autoridades que não sabia quando o filho regressaria a Portugal. Como entretanto entrara em vigor a lei que descriminalizava os graffiti e passava a penalizá-los com contraordenações, a defesa alegou que Eduardo já pagara 813 euros de danos à CP, pelo que o processo foi arquivado em dezembro de 2014.
A Sábado tentou contactar os familiares de Eduardo, mas sem sucesso. O advogado João Araújo também se recusou a comentar. A história é contada poucos dias depois de três jovens terem morrido atropelados no apeadeiro de Águas Santas, na Maia, enquanto faziam um graffiti num comboio. A notícia é parte de uma reportagem alargada da revista sobre o mundo dos graffiters, um trabalho que é tema de capa da edição desta semana.