Carles Puigdemont, designado para presidente da Catalunha, apelou este domingo ao avanço do processo de secessão, num discurso perante o parlamento desta região espanhola.

“Devemos lançar o processo para criar um Estado independente na Catalunha, para que as decisões do parlamento catalão sejam soberanas”, defendeu o político antes da assembleia de maioria independentista que é esperado venha a elegê-lo para dirigir o governo regional.

O candidato à presidência assegurou também que assumirá o cargo “seguramente” de uma forma “temporal” porque “os momentos irrepetíveis necessitam de lideranças irrepetíveis” e garantiu que fará tudo para chegar à independência porque não é hora de “cobardes”.

No seu discurso, Carles Puigdemont pediu que se deixe de lado “o orgulho” para assumir “a dignidade”, com o objetivo de terminar o processo para a soberania sem “cobardias” mas também sem “temeridades”, seguindo o rasto do seu predecessor, Artur Mas.

Depois de saudar um a um os conselheiros do governo em funções e de dar um abraço a Artur Mas, que foi recebido com aplausos pelos deputados do Juntos pelo Sim, Carles Puigdemont, iniciou o seu discurso de investidura realçando o “bom acordo” alcançado ‘in extremis’ com a CUP que permite garantir a estabilidade do novo governo.

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O presidente da Catalunha anunciou no sábado a renúncia ao cargo, e deu lugar ao autarca de Girona, Carles Puigdemont, criticando que se esteja a dar um passo ao lado em vez de para a frente.

Após o acordo entre o ‘Juntos Pelo Sim’ e a CUP, Artur Mas veio garantir que, apesar de não reclamar cargos, estava “à disposição do Parlamento da Catalunha para o que for pedido no futuro, à disposição do futuro presidente e do novo Governo da Catalunha”.

Os separatistas catalães chegaram a acordo para a formação de um governo regional e assim evitar novas eleições, o que implica a demissão de Artur Mas.

Na semana passada, o presidente cessante da Catalunha tinha assegurado que ia prosseguir o combate político após a recusa de um partido do campo independentista em legitimar a sua investidura, e que deverá implicar novas eleições.

“Estou muito tranquilo e tenho o desejo de me bater, de seguir em frente”, declarou o presidente cessante da Catalunha, uma região de 7,5 milhões de habitantes situada no nordeste de Espanha, no dia seguinte à decisão da Candidatura de Unidade Popular (CUP, extrema-esquerda independentista) que optou por não apoiar a sua investidura.

O “Junts pel Sí” (Juntos pelo sim), a lista independentista de Artur Mas, venceu as eleições de 27 de setembro, garantindo 65 dos 135 lugares no parlamento regional. No entanto, permanecia dependente dos votos de pelo menos dois deputados da CUP, e da abstenção dos restantes oito eleitos por esta formação, para garantir a maioria suficiente que lhe permitisse ser investido.

Após três meses de debate interno, a direção da CUP, respeitando a decisão da maioria dos seus militantes, anunciou no domingo que não apoiará Artur Mas, acusado de ter aplicado medidas de austeridade e de envolvimento do seu partido Convergência Democrática da Catalunha (CDC, liberal), em práticas de corrupção.