Esta terça-feira, dia 12 de janeiro, celebra-se o 388.º aniversário de Charles Perrault, o pai dos contos de fadas. A Google não deixou passar esta data e deu cor e magia ao seu motor de busca com ilustrações. O Huffington Post fez o resto, falou com a autora e contou o processo dos chamados doodles. Sophia Diao tem 23 anos e é um dos talentos que tenta enriquecer, aligeirar e melhorar a experiência de procurar coisas na internet.
“Sempre fui uma grande fã de contos de fadas e queria muito trabalhar neste projeto”, disse Sophia ao Huffington Post. “Comecei por fazer pesquisa sobre a sua vida e obra [de Charles Perrault], e reler os seus contos. Depois trabalhei com a responsável local dos doodles em França para obter documentação e informações. Ela ajudou-me também a traduzir conteúdos.”
Diao estudou no Instituto de Artes da Califórnia e é uma das 30 pessoas que trabalha neste projeto dos doodles, que tem uma visibilidade enorme se pensarmos na quantidade de pessoas que usa o Google como motor de busca. A vontade de trabalhar nestes projetos, informa, aconteceu graças a um doodle de Charles Dickens, que a levou a enviar o CV para a Google, para tentar um estágio. E conseguiu, juntando-se à equipa que trabalhava durante os Jogos Olímpicos de Londres, no verão de 2012. A seguir, aventurou-se pela Dreamworks, Disney e Cartoon Network, mas acabaria por regressar à casa de partida, a Mountain View, onde está já há dois anos e meio.
Antes deste trabalho sobre Charles Perrault, informa o Huffington Post, Sophia foi a senhora que inventou temas como o doodle do Hallooween em 2015, no qual é possível controlar uma bruxa, mais ou menos ao estilo de Super Mário, embora voando, usando apenas a barra do space — veja aqui. Ou então aquele em que se celebrou o 80.º aniversário de Diana Wynne Jones. A criatividade é o motor deste motor de busca, mas a identidade dos artistas passa ao lado dos milhões de utilizadores.
A equipa perde muitas horas a procurar datas de nascimento e aniversários, sem que tenha de respeitar as datas redondas. Charles Perrault é um exemplo disso: celebra o 388.º aniversário, não se esperou pelo 400.º. “Não queremos esperar, porque tudo pode acontecer num espaço de dois anos”, disse Sophia, informando ainda que essa data poderia calhar num domingo e teria menos visibilidade.
Os doodles são normalmente universais, servindo para todos os paises, mas poderá haver mudanças para encaixar melhor na cultura de cada um. O processo é simples: os designers fazem alguns esboços, o manager local aprova. Esses doodlers podem durar meses a desenvolver.
O Huffington Post lembra ainda um caso que demonstra bem o poder dos doodlers, essencialmente, lá está, pela sua enorme visibilidade. Em fevereiro de 2014 disputaram-se os Jogos Olímpicos de Inverno, em Sochi, na Rússia, que teve a homossexualidade, e a opressão da mesma naquele país, como tema central. A Google não ficou indiferente, tal como as muitas vozes de censura que se levantaram, e inventaram um doodle com ilustrações dos desportos desses JO assentes num arco-íris, uma combinação de cores que costuma estar associado ao movimento gay. Mais: foi referido ainda o artigo 4.º da Carta Olímpica, que diz que praticar desporto é “um direito humano”.
“Esse doodle foi muito comentado em todo o mundo, e foi também muito apreciado dentro da empresa. Os funcionários homossexuais sentiram-se amados pela empresa onde trabalham”, conta Sophia Diao.
Quem é Charles Perrault?
Nascido em Paris, em 1628, começou como advogado até virar a agulha e começar a escrever, conta o Telegraph. Este diário britânico refere que, embora os irmãos Grimm sejam tidos como os criadores dos contos de fadas, Perrault escrevera 200 anos antes obras como “O Capuchinho Vermelho”, “Cinderela” e “A Bela Adormecida”.
A Time fala num académico de Paris que passou a maior parte da sua vida na corte do rei Luis XV, no século 17. A publicação norte-americana informa que este autor só começou a escrever as suas histórias quando chegou aos 60s. Charles Perrault morreu em 1703.