O Governo vai avançar com o aumento dos impostos sobre os produtos petrolíferos, sobre o tabaco e o imposto do selo, que juntamente com efeitos de combate à fraude têm uma receita acrescida para o Estado estimada em 0,21% do PIB – praticamente o suficiente para compensar a descida da sobretaxa do IRS. A devolução de rendimentos atinge, aliás, quase mil milhões de euros (juntando ao IRS a reposição de salários).
O ministro das Finanças, Mário Centeno, explicou entretanto que a subida do imposto sobre combustíveis serve para recuperar o nível da fiscalidade registado em julho do ano passado, o que implica um acréscimo de quatro a cinco cêntimos nos imposto sobre a gasolina e o gasóleo. O impacto no preço final será superior, por causa do IVA, mas dependerá também do comportamento do custo dos produtos refinados sobre o qual incidem os impostos.
Esta queda da receita fiscal, em relação às previsões, é explicada pela desvalorização do preço do petróleo e dos produtos refinados que faz cair o IVA cobrado nos combustíveis. Quanto menor for o preço dos combustíveis antes de impostos, menor é a receita de IVA. Já a receita do imposto petrolífero está a crescer, mas menos que o estimado.
O ministro esclarece ainda que o aumento do imposto de selo ficará limitado a operações financeiras de crédito ao consumo e que a alteração no imposto sobre o tabaco atualiza em 3% o imposto mínimo, sobre o qual depois incidem as outras componentes da fiscalidade, que serão transferidas para toda a cadeia.
Estas são as únicas medidas do lado da receita fiscal que o Governo inclui no draft enviado para Bruxelas que ajudam a compensar os custos das medidas que foram revertidas. Em causa está uma receita adicional de quase 400 milhões de euros que corresponde a 0,21% do Produto Interno Bruto (PIB).
Do lado das medidas que diminuem as receitas, está o corte na sobretaxa de IRS (menos 0,23% para os cofres do Estado), a descida do IVA sobre a restauração que passa de 23% para 13%, mas apenas em julho, (custa 0,09% do PIB) e a redução da Taxa Social Única (TSU) até 1,5 pontos percentuais nos trabalhadores com salário bruto mensal até 600 euros (custa 0,07% do PIB).
No total, do lado da receita apenas, o saldo é negativo para as contas do Estado. A compensação dada pelos impostos aumentados e pela receita acrescida que esperam do combate à fraude e evasão fiscal deixa ainda assim uma perda de receita estimada em 0,18% do PIB.
Abono de família e pensões: aumentos concretizados
Há mais algumas medidas atualizadas no documento que já foi entregue aos deputados:
- A atualização de 0,4% de pensões e complementos até 628,82 euros;
- O aumento do valor do abono de família, com uma atualização de 3,5% no 1o escalão, de 2,5% no 2o escalão e de 2% no 3o escalão;
- É reforçada a majoração para famílias monoparentais beneficiárias quer do abono de família, quer do abono pré-natal, aumentando em 15 pontos percentuais a taxa de majoração em vigor, passando para 35%;
- É revogada a suspensão do complemento de pensão, em vigor desde 1 de janeiro de 2014, aplicada aos ex- trabalhadores de empresas do sector publico empresarial que apresentem resultado líquidos negativos, cuja pensão acrescida dos complementos fosse superior a 600 euros;
Há também referência a medidas já aplicadas, como a reposição do valor de referência do Complemento Solidário para Idosos no valor anual de 5.022 euros, assim como do valor de referência do RSI; também os novos valores dos salários do Estado e da sobretaxa do IRS.
Veja o documento aqui.