Quando já poucos se lembravam do mais controverso ministro das Finanças da Grécia dos últimos tempos, ele torna a aparecer: Yannis Varoufakis lança esta terça-feira, em Berlim, o movimento DiEM 2025.

A sigla quer dizer “Movimento Democracia na Europa” (Democracy in Europe Movement, em inglês) e 2025 é o ano proposto por este grupo como data limite para que sejam aplicados os princípios previstos no documento que está na base do movimento: “Um manifesto pela democratização da Europa”. Para já, o movimento conta com o apoio de três portugueses: Marisa Matias, ex-candidata presidencial e eurodeputada do Bloco de Esquerda; Rui Tavares, fundador do partido LIVRE; e Boaventura Sousa Santos, diretor do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. O fundador da Wikileaks, Julian Assange, e o filósofo esloveno Slavoj Žižek também são signatários.

O manifesto começa com uma frase sobre aquilo que “aterroriza os Poderes da Europa”:

Com todas as suas preocupações com a competitividade global, migração e terrorismo, só há uma uma perspetiva que verdadeiramente aterroriza os Poderes da Europa: Democracia!

O texto, disponível no site oficial do movimento, demonstra um desencantamento com aquilo que aponta ser o atual funcionamento da União Europeia: “A UE podia ter sido uma referência para todos, mostrando ao mundo como a paz e a solidariedade podem ser conquistadas das mandíbulas de conflito e fanatismo. Infelizmente, hoje, a burocracia comum e a moeda comum dividem os povos europeus que estavam a começar a unir-se apesar das suas diferenças linguísticas e culturais”.

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Agora, hoje, os Europeus sentem-se abandonados pelas instituições da UE em todo o lado. Desde Helsínquia a Lisboa, de Dublin a Creta, de Leipzig a Aberdeen. Aproxima-se rapidamente uma escolha importante. A escolha entre a democracia autêntica e uma desintegração traiçoeira.”

Por fim, o documento deixa uma lista de pontos que quer fazer cumprir até 2025. Entre eles, estão “uma Europa transparente onde todas as decisões são tomadas debaixo do escrutínio dos cidadãos”; “uma Europa descentralizada que usa o poder central par maximizar a democracia local” e “uma Europa culta que incentive pela diversidade cultural dos povos”.

No seu site pessoal, Yannis Varoufakis sublinha que o DiEM 2025 é um movimento “e não um partido, um think tank, uma organização”. Numa fase inicial, explica o ex-ministro das Finanças grego, este grupo servirá para “desenvolver um consenso pan-europeu em torno das maneiras de tratar dos sérios problemas e crises que afetam a Europa como um todo”. Nessa altura, prevê Varoufakis, o DiEM 2025 pode ir a eleições:

Quando esse consenso surgir, através do intermédio do DiEM, não temos dúvida de que ele procurará formas para se expressar, inclusive eleitoralmente, nos estados europeus, em eleições locais, regionais, nacionais e, por fim, em eleições para o Parlamento Europeu também.