Saltou este fim de semana para a cena pública como o opositor mais conhecido de David Cameron no referendo sobre a permanência do Reino Unido na União Europeia. Chama-se Boris Johnson e é o presidente da Câmara de Londres. Um dia depois de se assumir como o nome mais sonante pelo Brexit, Johnson explica-se num artigo na sua coluna no Telegraph. Diz Johnson que ser defensor da saída do Reino Unido não é ser “anti-europeu nem xenófobo” até porque não foi o país que mudou, mas sim a União Europeia. O resultado das suas declarações foi a maior queda da libra desde 2010.
A linha de raciocínio do presidente da Câmara, que é um dos possíveis sucessores de David Cameron na liderança do Partido Conservador, argumenta que a União Europeia ao longo dos últimos anos tem entrado em todas as áreas das políticas públicas, criando legislação atrás de legislação: “Estamos a ver um processo lento e invisível de colonização legal, à medida que a União Europeia se infiltra em quase todas as áreas de políticas públicas”. E, acrescenta, isso leva a que a “União Europeia consiga uma supremacia em qualquer campo que toque”.
No artigo do Telegraph, Boris Johnson lembra o projeto dos cinco presidentes europeus que promove uma maior integração europeia para defender que, numa altura em que Bruxelas deveria “devolver poder”, está cada vez mais a puxar os assuntos para o centro e por isso “não há maneira de o Reino Unido não ser afetado”.
Durante o fim de semana, depois do acordo no Conselho Europeu sobre o referendo do Reino Unido, Boris Johnson tinha defendido que iria fazer campanha pelo “não” para defender a soberania do país e a democracia. Volta a fazê-lo no artigo onde diz que este centralismo de Bruxelas leva a que os cidadãos tenham cada vez mais a ideia de que “os políticos são todos iguais” e “não podem mudar nada” e que isso leva ao crescimento dos partidos extremistas.
Na sequência das declarações de Boris Johnson, a libra teve a maior queda num dia desde 2010.
No dia de hoje, como pode ver-se no gráfico, a libra está a perder mais de 10% face ao euro, desde novembro. Está a cair 1,12%, para mínimos de início de 2015. Cada libra vale cerca de 1,28 euros. Já face ao dólar, a desvalorização é ainda maior (1,83%), é o mínimo desde início de 2009.