A carta enviada pelo Governo português à ONU para formalizar a candidatura de António Guterres a secretário-geral desta organização já é conhecida na íntegra. António Costa, primeiro-ministro, que assina a missiva que chegou no dia 29 de fevereiro a Nova Iorque, lembra o percurso político de António Guterres em Portugal, mas especialmente os 10 anos em que este esteve como Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados. O candidato português é assim apresentado como alguém que já “demonstrou a sua capacidade de liderança e compromisso para como os objetivos da ONU”. A organização publicou na tarde desta terça-feira a carta enviada pelo Governo português.

O Governo português tinha divulgado na segunda-feira, através da Lusa, uma parte da carta, sustentando que Portugal apresentou um “candidato excecionalmente qualificado” para desempenhar o cargo de secretário-geral da ONU, mas tece outras considerações.

Na missiva, António Costa pede ainda que os Estados-membros da ONU prestem “especial atenção” ao trabalho de Guterres como Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados e na sua habilidade em lidar com problemas críticos e desafiantes que ameaçaram a paz e segurança no mundo – uma habilidade que o primeiro-ministro refere ser “amplamente reconhecida”. “Durante o seu mandato ele mostrou uma compreensão exemplar e respeito pelos valores das Nações Unidas e uma extensa experiência internacional que foi muito relevante para a persecução dos objetivos da organização”, escreveu António Costa.

O primeiro-ministro português lembrou ainda que Guterres manteve uma “excelente cooperação com todos os Estados-membros e desenvolveu parcerias com a sociedade civil e com o setor privado”, algo que pode dar pontos ao ex-governante português que precisa dos votos dos Estados-membros na Assembleia Geral para chegar ao cargo de topo da ONU. Outro ponto que o Governo português escolheu evidenciar foram as reformas empreendidas por Guterres no Alto Comissariado para os Refugiados, nomeadamente o aumento de atividades, uma maior coordenação e uma redução “sem precedentes” dos custos administrativos”, permitindo assim que a ajuda chegasse a quem mais precisava.

Como candidato oficial, António Guterres vai enfrentar já entre 12 e 14 de abril a primeira prova de fogo, uma audição de duas horas em Nova Iorque perante a Assembleia Geral em que os países vão poder questionar diretamente os candidatos.

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