A estratégia orçamental para 2016 tem um grande enfoque no aumento do consumo interno mas o dono de uma das principais retalhistas nacionais, o Pingo Doce, não prevê “mudanças de comportamentos de compra” – “não acredito em choques artificiais no consumo”. Em entrevista ao Jornal de Negócios, Pedro Soares dos Santos, presidente da Jerónimo Martins, diz que os consumidores vão continuar a “exigir a promoção como a base da sua compra”, o que significa que 2016 será um ano em que as retalhistas vão continuar a ser muito “agressivas” neste aspeto.

“No consumo interno não vejo mudanças de comportamentos de compra”, afirmou Pedro Soares dos Santos em entrevista ao Negócios. “Quando não se vê mudanças de comportamento de compra, percebemos que o padrão é igual. E quando sentimos que o consumidor continua a exigir a promoção como a base da sua compra, que é uma coisa muito importante – qualquer pessoa que hoje vá a um supermercado 60% dos seus produtos têm que estar em promoção, porque senão ele não compra –, sentimos que essa pressão ainda existe”.

Num comentário à descida do IVA na restauração, o presidente da Jerónimo Martins desvaloriza o impacto sobre esse setor. “O que acho é que o mercado já melhorou. Mesmo antes de baixar [a taxa do IVA na restauração], já melhorou. A restauração em Portugal já estava a melhorar – porque o turismo aumentou brutalmente. Não foi o consumo dos portugueses, foi o turismo”.

“Não acredito em choques artificiais para o consumo”

Pedro Soares dos Santos lançou algumas críticas ao Orçamento do Estado para 2016. “A questão, para mim, mais importante neste Orçamento do Estado é que eu não vejo um incentivo à criação de emprego”, afirmou o responsável, ao Negócios.

Eu não acredito em choques artificiais para o consumo – isso já nos levou a pagar um preço muito caro. E não vejo neste Orçamento – ele tem o seu mérito da forma como cada um pensa –, não vejo muita consistência nele, não sei se as previsões de crescimento são sólidas. Tenho algumas dúvidas que sejam sólidas – não só sobre o país, mas o ambiente em que nós vivemos.

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