O Presidente do Sindicato da Construção de Portugal disse que o anunciado despedimento coletivo de 500 trabalhadores na Soares da Costa avançará nos próximos dias, devendo a comunicação formal por carta aos trabalhadores acontecer a qualquer momento.
“Infelizmente, a pior notícia aconteceu. Na segunda-feira o presidente executivo da Soares da Costa, Joaquim Fitas, ligou-me a dizer que, entre esta sexta-feira e a próxima terça, vai chegar de Angola o dinheiro para avançarem com o despedimento coletivo de 500 trabalhadores, que envolve mais de 15 milhões de euros”, afirmou Albano Ribeiro em declarações à agência Lusa.
Contactada pela Lusa, fonte oficial da construtora não avançou datas concretas, mas confirmou que “o despedimento coletivo já foi anunciado e vai avançar” nas próximas semanas, tal como estava previsto.
“O processo não é para suspender. A reestruturação vai ser feita porque é a única forma de viabilizar a empresa, que não pode continuar a ter cerca de 300 pessoas em regime de inatividade, durante dois anos, a receber em casa sem trabalhar”, afirmou.
Anunciado há vários meses pela administração da Soares da Costa, o despedimento coletivo abrangerá 500 trabalhadores, entre os quais os cerca de 300 funcionários que se encontram em regime de inatividade.
Relativamente ao pagamento dos salários, a fonte da construtora disse terem começado agora a ser pagos os vencimentos de fevereiro, com a prioridade a ser dada aos trabalhadores com rendimentos mais baixos.
A este propósito, o presidente do Sindicato da Construção voltou a criticar o que considera ser um “tratamento discriminatório” entre os trabalhadores, já que os que se encontram em Angola contam já com três salários em atraso e os que recebem vencimentos superiores a 1.750 euros há três meses que apenas recebem esta quantia.
“Se não há dinheiro para todos pagava-se, por exemplo, 50%, mas a todos. Porque as obras fazem-se com todos os trabalhadores”, sustentou Albano Ribeiro.
O dirigente sindical anunciou ainda que, caso não sejam liquidados em breve os salários de fevereiro, os trabalhadores das obras em curso na Ribeira e no futuro hotel Monumental, ambas no Porto, irão parar.
Por considerar que a administração da Soares da Costa “tem coisas para explicar”, o presidente do sindicato diz ter enviado na terça-feira “um pedido de audiência de caráter urgente” ao primeiro-ministro, António Costa, para a qual pretende “convidar trabalhadores e a administração” da empresa.
“Temos que saber se a administração a Soares da Costa se tem apresentado a concursos, porque há por aí obras que estão a avançar e empresas que estão a ganhar concursos”, disse, considerando ainda que a manutenção, há dois anos, de 300 trabalhadores em regime de inatividade “parece uma má gestão de recursos”.
De acordo com o dirigente sindical, “se não houver uma reação célere da parte do primeiro-ministro”, o sindicato irá “marcar um plenário com os trabalhadores para tomar uma decisão, provavelmente de ida a Lisboa, para a porta” de António Costa, “para que ele seja sensível, porque se está a falar de 500 postos de trabalho”.
Com prejuízos acumulados superiores a 60 milhões de euros, a Soares da Costa é controlada em 66,7% pela GAM Holdings, detida pelo empresário angolano António Mosquito, que entrou no capital da construtora no final de 2013, sendo os restantes 33,3% da SDC — Investimentos (ex-Grupo Soares da Costa).