Portugal gastou mais em estradas nacionais ou municipais do que em autoestradas nas últimas três décadas. As rodovias são o segundo maior investimento no país, de acordo com o estudo Investimentos em Infraestruturas em Portugal.

Entre 1980 e 2011, o investimento na rede de autoestradas correspondeu a 6,8% do investimento total no país. O investimento na rede nacional de estradas correspondeu a 12,9% e a rede municipal de estradas a 9,64% do investimento total de Portugal. Os dados são retirados do estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos, da autoria de Alfredo Marvão Pereira e Rui Marvão Pereira.

As infraestruturas de transporte rodoviário no seu conjunto representaram mais de um quarto (28,5%) do investimento total realizado ao longo das três décadas, sendo apenas superado pelo investimento em infraestruturas básicas (38,9% do total).

De acordo com o estudo divulgado esta quinta-feira, o montante gasto na rede municipal de estradas fica apenas 20% abaixo do realizado nas estradas nacionais, que por seu lado absorveram cerca de 60% do investimento em infraestruturas rodoviárias (excluindo as autoestradas).

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O peso do investimento na rede de autoestradas no PIB atingiu o ponto mais alto na década de 2000, tendo então correspondido a 11% do investimento total (acima do valor médio de 6,8%) e a região centro absorveu mais de 40% do investimento total em autoestradas, sendo seguida pela região norte, com quase 30% do investimento.

Já na rede nacional de estradas, o norte foi a região que captou a maior percentagem de investimento nas três décadas, mas na década de 2000 o Alentejo foi a que teve mais investimento.

Também foi a região norte que atraiu maior investimento na rede municipal de estradas, com mais de um terço do investimento total efetuado, de acordo com o estudo Investimentos em Infraestruturas em Portugal.

No documento apresentado, os autores pretendem iniciar um debate técnico e pragmático sobre as grandes decisões estratégicas nas áreas de investimento em infraestruturas, procurando promover uma discussão baseada em conceitos e não em preconceitos.

“O investimento em infraestruturas entrou no léxico português como evocando excesso, esbanjamento e interesses especiais”, afirmam no epílogo do estudo, realçando que “não foi sempre assim”, admitindo que, depois de 1986, com a adesão de Portugal à União Europeia, e até ao final dos anos 90, foram “dias gloriosos”, em que os investimentos em infraestruturas, sobretudo rodoviárias, foram vistos como a cura para todos os problemas económicos.

“Após o final dos anos 1990, as coisas começaram a mudar”, dizem, com os governos a recorrerem ao uso generalizado de parcerias público-privadas face à menor disponibilidade de fundos comunitários, e mais recentemente muitos investimentos em infraestruturas foram alvo de críticas e suspeitas.