O presidente da empresa angolana Santoro, Mário Leite Silva, considerou esta sexta-feira ser “difícil compreender o que se passou” nas negociações do BPI, mas disse acreditar que “o diálogo será imediatamente retomado”.

“É difícil compreender o que se passou agora depois de ter havido entendimento entre as partes nos termos principais do acordo, nomeadamente nas questões financeiras”, disse o presidente do conselho de administração da empresa de Isabel dos Santos, numa declaração enviada à agência Lusa.

“Mesmo assim, acreditamos que o bom senso prevalecerá e o diálogo será imediatamente retomado”, acrescentou Mário Leite Silva. Na quinta-feira, o espanhol CaixaBank, acionista maioritário do BPI, disse que não conseguiu chegar a acordo com a Santoro numa solução que permita ao BPI cumprir as regras do Banco Central Europeu (BCE) relativas à sua presença em Angola.

“Relativamente aos factos relevantes publicados nos passados dias 02 e 16 de março sobre a sua participação no BPI, o CaixaBank informa que não se conseguiram reunir as condições necessárias para alcançar um acordo com a Santoro Finance”, segundo um comunicado divulgado no portal na Internet do regulador dos mercados financeiros espanhol.

O CaixaBank é o principal acionista do BPI, com 44,10% do capital social, apesar de só poder exercer 20% dos votos devido à blindagem dos estatutos, enquanto a Santoro, detém 18,58% do capital. O banco catalão refere ainda, na informação ao mercado, que irá “continuar a colaborar e a apoiar o BPI para encontrar uma solução para a situação de excesso de concentração de riscos decorrente da sua participação de controlo no BFA [Banco Fomento Angola]”.

O BPI tem até 10 de abril para cumprir as exigências do Banco Central Europeu (BCE) relativas à exposição aos grandes riscos. Uma vez que Frankfurt considera Angola como um dos países que não tem uma regulação e supervisão semelhantes às existentes na União Europeia, o BPI tem de ajustar a sua exposição ao mercado angolano, onde detém o controlo do BFA, com 50,1%, ou terá de fazer um importante aumento de capital.

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