PS, PCP, BE e PEV nunca se sentaram à mesa os quatro para negociarem as posições conjuntas. As negociações são sempre em reuniões bilaterais e nem os grupos de trabalho juntam todos os partidos que apoiam o Governo. E o PCP vive bem com isso. Ou melhor, o PCP defende esta separação das águas: “Consideramos que essa amálgama não traria mais clarificação, mas traria sim mais confusão”, diz o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, em entrevista ao jornal do partido Avante!

O secretário-geral deu esta quinta-feira uma entrevista ao órgão de comunicação oficial do partido para dizer que o PCP não se perde no apoio ao Governo do PS. Na entrevista, Jerónimo refere que este não é um Governo de coligação, mas que o PCP apoia:

“O grau de convergência encontrado nessa posição conjunta é que definia o nível de compromisso do PCP. Não se tratou de um acordo de esquerda, não se tratou de um Orçamento de um governo de esquerda – ou de esquerdas, se quisermos – mas sim de um Orçamento do Governo do PS. Nesse sentido, nós partimos para esta batalha procurando concretizar ao máximo os conteúdos da posição conjunta”, diz.

Uma dessas batalhas foi a negociação do Orçamento do Estado, mas existirão outras. E em todas essas, houve reuniões a dois – entre PS e PCP -, que Jerónimo faz questão de salientar. Sobretudo a postura que os socialistas assumiram. “Em todas as reuniões de trabalho que tivemos, sempre num quadro bilateral, o Partido Socialista assumiu o respeito por esta posição do nosso partido”. E por correrem tão bem é que Jerónimo prefere não mudar a receita e juntar-lhe mais dois ingredientes, BE e PEV: “Muitas vezes a comunicação social questiona por que é que os quatro partidos que permitiram a viabilidade desta solução política não se juntam. Pela nossa parte, consideramos que essa amálgama não traria mais clarificação, mas traria sim mais confusão.

Contudo, se o PS nas reuniões tem tido “respeito” pelas posições dos comunistas, também é verdade que não há respeito que disfarce as divergências. Ao Avante!, Jerónimo de Sousa lembra que é preciso que não haja ilusões no que os separa: “Quanto ao PS, também não nos iludimos, sabemos que não se liberta desses constrangimentos e dessas políticas e instrumentos da União Europeia. Há aqui uma contradição por parte do PS”, diz.

Na mesma entrevista, o secretário-geral do PCP diz que vai continuar a lutar por algumas medidas que ficaram pelo caminho na negociação porque “não estamos amarrados a qualquer submissão ou obrigação. Continuaremos a ser uma força de proposta construtiva mas simultaneamente com a afirmação própria de um Partido portador de uma política alternativa”, rematou.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR