Há perdas que nos marcam de tal forma que se torna mais difícil viver. Vladimir Davydov, um homem que vive na Sibéria, experienciou três dessas perdas consecutivas, conta o ABC. Pouco tempo depois do falecimento da sua mulher, que o deixou muito abalado, Davydov foi despedido devido a problemas físicos. Trabalhava como vigilante noturno e os seus superiores acharam que o problema que tinha na perna o impedia de desempenhar bem as suas funções.
A maré de infortúnios não ficou por aqui. No dia em que foi tratar dos papeis do seu despedimento, Yan, o seu cão desapareceu. Davydov acredita que o pastor alemão foi roubado, já que o ouviu a ladrar, mas demorou algum tempo a chegar à porta de casa. Quando finalmente conseguiu, viu um carro azul a afastar-se. Nunca mais voltou a ver o animal.
Apesar de ter dificuldades a andar, encheu a cidade de cartazes com a fotografia do bicho. Mas de nada valeu. E poucas semanas depois, Vladimir Davydov morreu na sequência de um ataque cardíaco. Nunca chegou a saber o que aconteceu a Yan.
A população acredita que o homem de 77 anos faleceu porque não aguentou tanto sofrimento. A campanha intensa que levou a cabo na cidade para encontrar Yan tornaram-no famoso entre a população, que tratou de organizar uma campanha de angariação de fundos para pagar pelo funeral. Já foram angariados mais de 1.000 dólares. Se os fundos forem suficientes, a população da cidade está a pensar construir um monumento ao homem e ao seu cão.
Síndrome do coração partido
É esse o nome usado para descrever a cardiomiopatia Takotsubo, uma patologia em que o tecido do coração se torna mais frágil depois de uma experiência traumatizante. Este fenómeno ocorre geralmente depois da perda do companheiro ou alguém próximo como os pais, filhos ou até mesmo animais de estimação.
Perdas como estas têm uma forte influência psicológica, mas pode-se revelar também fisicamente como uma dor no peito. A dor surge porque o trauma emocional faz com que o cérebro comece a distribuir substâncias químicas que enfraquecem o tecido do coração. É normal, por isso, que haja quem morra de desgosto.