José Eduardo Agualusa é um dos seis finalistas do Booker Prize International, prémio que distingue um livro traduzido para inglês, escrito por um autor de qualquer nacionalidade e publicado no ano anterior ao da entrega da distinção. Agualusa chega à shortlist com Teoria Geral do Esquecimento (publicado originalmente pela Dom Quixote em 2012), que em inglês foi publicado como General Theory of Oblivion, numa tradução de Daniel Hahn, o tradutor habitual do autor angolano.
Ao Observador, Agualusa (que está por estes dias nos EUA) confessou ter ficado “surpreendido” por figurar entre os seis finalistas. “Soube da notícia pela minha agente, fiquei naturalmente feliz”, disse. Mas ficou também admirado com uma ausência, a de “Um Copo de Cólera”, livro do brasileiro Raduan Nassar, publicado originalmente em 1978 (apesar de ter sido escrito oito anos antes) e só em 2015 traduzido para o inglês. “Fiquei surpreso, não estava na lista e é um romance extraordinário.” Acrescentou ainda que também esperava ver entre os finalistas o congolês Fiston Mwanza Mujila. “Sobre os finalistas, quero muito ler a Elena Ferrante, ainda não consegui e estou curioso”, confessou.
O prémio do Booker International tem o valor de 50 mil libras, quase 65 mil euros, e é repartido entre o autor da obra e o respetivo tradutor. No caso de José Eduardo Agualusa, o tradutor é Daniel Hahn. Disse-nos o escritor que “o papel do tradutor é fundamental. Revejo as traduções do Daniel, é uma oportunidade de estar com ele. O Daniel, hoje, é um amigo. É um grande tradutor e uma pessoa excecional”.
O autor de “Teoria Geral do Esquecimento” agradece a nomeação e reconhece-lhe o valor, mas duvida da influência que isso pode ter na sua escrita ou o seu futuro: “Escrevo por paixão, se não estiver apaixonado pelo tema, não consigo escrever”. É, na verdade, a continuação do reconhecimento internacional de Agualusa, que, admitiu o escritor, “seria maravilhoso” se tivesse algum tipo de efeito em Angola (a propósito, a história de “Teoria Geral do Esquecimento” começa pouco tempo antes da independência angolana):
Significaria que os angolanos leriam muito. Infelizmente não é assim. Sinto que existe esse desejo, mas os livros são muito caros, há poucas livrarias, pouquíssimas bibliotecas. Em Angola, os livros não chegam aos leitores. Esse é um campo onde Portugal poderia ajudar Angola, até porque é um país que foi capaz de criar uma excelente rede de bibliotecas públicas. Portugal poderia ajudar Angola na criação de bibliotecas públicas.”
A shortlist do Booker International inclui ainda Elena Ferrante (Itália), pelo último volume da saga napolitana da autora, Han Kang (Coreia do Sul), com The Vegetarian, Yan Lianke (China), por The Four Books, A Strangeness in my Mind de Orhan Pamuk (Turquia) e Robert Seethaler (Áustria), com o livro A Whole Life. O vencedor é anunciado a 16 de maio.