Cerca de 50 mil pessoas reuniram-se nas ruas de Londres para pedirem a demissão de David Cameron como primeiro-ministro britânico, bem como o fim da austeridade. A manifestação foi propiciada pelas recentes informações que ligam a família Cameron ao escândalo dos Panama Papers. Ainda que este tenha sido o mote, as exigências passam pela melhoria das condições da Saúde, Habitação e Emprego. A marcha foi organizada pela People’s Assembly, um grupo de ativistas. A iniciativa teve ainda o apoio de vários grupos ativistas e sindicatos.
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O grupo People’s Assembly tinha como principais exigências o fim dos cortes na despesa e da alegada privatização do Sistema Nacional de Saúde, controlo dos custos da habitação e a proteção do programa de habitação social. Os sindicalistas presentes, bem como alguns grupos de ativistas, reivindicaram um salário mínimo universal, o fim das propinas e da “comercialização” do ensino.
O cortejo, um conjunto heterogéneo que reunia membros da oposição trabalhista, militantes pacifistas e sindicalistas, partiu em direção a Trafalgar Square ao início da tarde.
Empunhando cartazes nos quais se podia ler “Ele deve sair”, em referência ao primeiro-ministro, David Cameron, os manifestantes protestavam contra os cortes nos apoios sociais, e, de forma mais global, contra a política de austeridade seguida pelos conservadores desde 2010.
“A luta contra a austeridade é um combate dos nossos dias”, declarou Diane Abbott, uma dirigente do Partido Trabalhista.
“É a austeridade que ameaça o Serviço Nacional de Saúde (NHS, na sigla inglesa). É a austeridade que impede as autoridades locais de construírem alojamentos. É a austeridade que obriga os desempregados a aceitar contratos precários (sem horários definidos nem duração mínima do trabalho). É a austeridade que ameaça o futuro dos jovens”, afirmou a mesma responsável.
O membro do movimento pacifista ‘Stop the War Coalition’ Chris Nineham, disse, por seu lado, que “a austeridade não é uma necessidade económica, mas uma escolha política”.
“Não é apenas de David Cameron que é preciso livrarmo-nos, mas de todo o seu corrupto Governo conservador”, acrescentou.
Como muitos outros manifestantes, Gary Manning, um engenheiro de 42 anos, usava uma máscara de porco, simbolizando aqueles que “mais engordam” na sociedade.
“Os tories (conservadores) aumentam os impostos, mas uns pagam mais impostos do que outros, e não são os mais ricos”, criticou Manning.
Outros não hesitaram em questionar o primeiro-ministro sobre as recentes revelações relacionadas com as suas ligações a uma sociedade ‘offshore’, no âmbito do caso ‘Papéis do Panamá’.
“Acho que demorou demasiado tempo, levou cinco dias a reconhecer o seu envolvimento nesse caso. Isso não é brilhante, e acho que qualquer pessoa na sua posição tem um dever de transparência”, disse Sarah Henney, uma manifestante.
Esta não é a primeira iniciativa a exigir a saída do líder do Governo do Reino Unido. Na semana passada, uma manifestação espontânea juntou cerca de mil pessoas em Downing Street exigindo a demissão do primeiro-ministro britânico, na sequência do escândalo Panama Papers. Também o movimento de oposição à austeridade no Reino Unido já conseguiu reunir dezenas de milhares de pessoas em outubro, em Manchester, e em junho, em Londres, pouco depois das legislativas que reelegeram David Cameron em maio.