Ainda a 6.ª edição do Festival Literário da Madeira (FLM) decorria no Teatro Baltazar Dias, no Funchal, e a editora Nova Delphi já tinha motivos para sorrir com 2017. Svetlana Alexievich, que em outubro passado venceu o Prémio Nobel da Literatura, mostrou disponibilidade para fazer parte do cartaz da próxima edição do evento.
“Entregamos o convite, ela disponibilizou-se, mas ainda é muito cedo para uma resposta concreta”, diz ao Observador Francesco Valentini, o diretor-geral da Nova Delphi, que organiza o FLM. O pré-acordo é importante, uma vez que estes “costumam concretizar-se“.
Ainda falta um ano, o que aumenta o “risco de que algo possa surgir que leve à alteração das condições base do acordo”. Contudo, a escritora bielorrussa é um nome muito requisitado no meio literário atualmente e a proposta tinha de ser feita com muita antecedência. “Também a queríamos este ano, mas a agenda estava completamente cheia“, adianta.
A 7.ª edição do FLM está confirmada e até já tem tema, “A Literatura e a Web: Entre Medo e Liberdade“. Ainda não há datas, precisamente porque a Nova Delphi aguarda a disponibilidade da Nobel que se dedica a escrever livros de não ficção sobre a história da União Soviética e sobre a identidade russa.
Caso Svetlana Alexievich não possa comparecer, a organização já lançou propostas a outros escritores internacionais, cujos nomes prefere manter em segredo. Na última edição, que terminou este sábado com uma conversa entre o jornalista Luís Caetano e a escritora Lídia Jorge, estiveram presentes, entre muitos outros, o galês Cynan Jones, a síria Samar Yazbek, o indiano Tabish Khair e o angolanos Ondjaki e Rafael Marques.
“Foi um sucesso, tivemos cerca de quatro a cinco mil pessoas”, afirma Francesco Valentini, onde se inclui o público das sessões escolares e dos dois concertos dados por Jorge Palma. A assistir às conversas cruzadas em torno do tema “Falsidade e Verdade na Ficção Literária“, que dominou os seis dias de festival, a organização diz ter registado “a mais elevada média de presenças de sempre“. “Fizemos uma campanha de comunicação prévia melhor do que no anos anteriores”, explica.
Para este ano, o orçamento do FLM situou-se entre os 75 e os 100 mil euros. “Pelo menos 60% a 70%” do valor foi suportado pela editora Nova Delphi, que aproveita para vender livros e pôr em contacto alguns dos escritores que edita com o público. O resto do valor são apoios, que “aumentaram” devido à contribuição do Governo Regional e da Câmara Municipal do Funchal. Boas notícias para Francesco Valentini, que interpreta o apoio pelo facto de “o festival se estar a tornar numa referencia insular“.