O presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, lamentou esta segunda-feira, numa palestra em Lovaina, Bélgica, que o processo de criação de uma união bancária esteja a ser tão demorado, e insistiu na necessidade de se criar um Fundo Monetário Europeu.

Orador convidado de uma conferência na Universidade Católica de Lovaina, promovida pelo Partido Popular Europeu (PPE) e consagrada aos desafios que a Europa enfrenta, o ex-primeiro-ministro português centrou o seu discurso (em inglês) na resposta à crise económica e financeira, advertindo que, apesar de o período mais dramático já ter sido ultrapassado, “a situação é ainda muito vulnerável” e seria “imprudente” baixar os braços e esperar que “as feridas da crise sarem” sozinhas.

Passos Coelho realçou que “os níveis de dívida pública são hoje significativamente maiores do que no início da crise” e “o risco de voltar a uma situação de grande pressão financeira é ainda significativo para os países com heranças mais pesadas” ao nível da dívida, o que constitui mais uma razão para acelerar o projeto de uma verdadeira união bancária.

Segundo o presidente do PSD, “o processo de criação da união bancária, que é suposto por fim à fragmentação financeira e reforçar a confiança no sistema bancário, interrompendo o círculo vicioso entre bancos e dívida soberana, está a desenrolar-se de forma demasiado lenta”, assinalou”.

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“Devemos ir mais além e construir uma genuína união bancária, o que pressupõe uma união dos mercados de capitais, que pode trazer mais ambição, mais justiça e uma mais eficiente distribuição dos recursos à construção de um verdadeiro mercado interno, o que, em muitas áreas, é ainda um objetivo não alcançado”, observou, apontando a título de exemplo os setores digital, da energia e dos serviços.

Sustentando que a Europa deve “utilizar bem o tempo” que lhe está a ser “comprado” pelas políticas do Banco Central Europeu (BCE), Pedro Passos Coelho defendeu que esse tempo deve ser usado para implementar rapidamente as reformas institucionais necessárias, sem esperar por novas crises, voltando nesse contexto a sair em defesa da criação um Fundo Monetário Europeu “como forma de acelerar o processo de convergência”, uma ideia que tem vindo a defender publicamente há cerca de um ano.

“Se queremos verdadeiramente coordenar as políticas monetária e económica, então o braço monetário da zona euro deve encontrar um verdadeiro equivalente no lado económico. Caso contrário, estamos a criar um novo desequilíbrio dentro da União Monetária”, argumentou.

A concluir, Passos Coelho advertiu que “aqueles que asseguram que o projeto da moeda única só pode sobreviver assumindo um Estado europeu, com o seu próprio governo, e uma união orçamental não só estão errados, como estão a agarrar-se a uma ideia politicamente muito irrealista; a um construtivismo artificial e politicamente insustentável, como o demonstram o referendo no Reino Unido e a possibilidade meramente teórica de um ‘Brexit'”, a saída do Reino Unido da União Europeia.