O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, saudou esta quarta-feira a visita do secretário-geral das Nações Unidas a Portugal, na quinta e na sexta-feira, mas sublinhou que “é distinta” da candidatura de António Guterres àquele cargo.

“O secretário-geral das Nações Unidas dá-nos o gosto de visitar Portugal”, a convite do país, destacou o chefe da diplomacia portuguesa, em declarações aos jornalistas à margem da abertura do 13.º colóquio internacional sobre mudanças e dinâmicas globais desde a recessão de 2008, no ISEG, em que participou.

A visita de Ban Ki-moon começa na quinta-feira com um encontro com o primeiro-ministro, António Costa, e o ministro das Negócios Estrangeiros. No dia seguinte, o diplomata reúne-se com o presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, e com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, por quem será condecorado.

Santos Silva afirmou que, em março, quando se reuniu com Ban Ki-moon na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, lhe transmitiu o convite das autoridades portuguesas, “começando pelo Presidente da República”, para que visitasse Portugal antes de terminar o seu mandato, no final deste ano.

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“Deu-nos o gosto de propor a visita agora em maio e estamos muito felizes com isso, porque Portugal tem uma participação muito ativa e muito empenhada no sistema das Nações Unidas”, salientou.

Questionado sobre se a visita de Ban Ki-moon poderá favorecer a candidatura de António Guterres ao cargo de secretário-geral da ONU, Santos Silva disse tratar-se de “coisas distintas”.

“O processo já começou, foram feitas as audições, toda a gente pôde notar o brilho com que o engenheiro António Guterres realizou a sua audição e o processo continua. Começarão as primeiras votações, ditas de encorajamento, no princípio do verão”, disse, referindo-se à audição do antigo primeiro-ministro socialista pela Assembleia Geral da ONU, em abril.

“Os méritos da candidatura apresentada por Portugal são, desde logo, os méritos do percurso, da proposta, da visão de António Guterres, que apresentou e defendeu tão brilhantemente”, sublinhou o ministro.

Durante a deslocação a Portugal, Ban Ki-moon, que virá acompanhado pela mulher, vai encontrar-se, no Museu do Oriente, com um grupo de estudantes sírios radicados em Portugal.

Os estudantes pertencem à Plataforma Global de Assistência Académica de Emergência a Estudantes Sírios, uma iniciativa do antigo Presidente da República Jorge Sampaio, que já trouxe até Portugal cerca de uma centena de estudantes universitários deste país.

“Será uma oportunidade para o senhor Ban Ki-moon conhecer melhor” um programa que, para Santos Silva, é “a prova provada de que é possível desenhar programas adequados de apoio aos refugiados e de resposta a situações de emergência humanitária”.

Além disso, acrescentou, esta plataforma é um exemplo das propostas que Portugal “tem feito no sentido de acolher refugiados e de responder às necessidades específicas de diferentes grupos da população de refugiados da Síria”.