A uma semana do início da edição deste ano do Rock In Rio, a Vodafone convocou os jornalistas para apresentar a primeira Smart Rock City do mundo. O objetivo deste encontro foi o anúncio de algumas novidades tecnológicas promovidas pela Vodafone, às quais o Rock In Rio se associou.

Os motivos deste cruzamento são fáceis de perceber: o Parque da Bela Vista deverá receber 60 mil pessoas por dia num evento onde tudo é pensado em grande, a uma dimensão maior que muitas cidades. Por isso esta 7ª edição do festival é um bom balão de ensaio para testar as inovações tecnológicas da operadora de telecomunicações, que nos dias de hoje já leva balanço naquilo a que nos habituámos chamar de Internet das Coisas.

João Mendes Dias, administrador da área empresarial da Vodafone, explicou-nos num minuto o essencial desta parceria.

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Ao representante do patrocinador oficial do festival juntou-se o Diretor de Operações do Rock In Rio, Ricardo Acto, que fez as honras da casa. O ponto de encontro foi o Centro de Controlo Operacional do recinto, uma área (muito) reservada onde se concentram os meios de socorro e gestão, tais como o INEM, a Proteção Civil e a segurança do recinto. Foi lá que nos explicaram que, este ano, vai existir um ponto de monitorização para gerir cinco novas áreas: energia, água, casas de banho, lixo e qualidade do ar.

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Smart Toilet

Não foi por acaso que este foi o ponto mais destacado na apresentação desta quinta-feira. Além das condições de higiene das casas de banho, o tempo de espera é um dos pontos sensíveis em todos os grandes eventos, por isso a Vodafone instalou nas quatro zonas do recinto equipamentos que monitorizam a ocupação de cada uma das centenas de cubículos. O sistema deteta a presença de uma pessoa (é apenas um sensor de presença e não uma câmara, convém sublinhar) e assinala a ocupação com uma luz, para ser mais fácil encontrar um espaço livre.

A atualização do fluxo das casas de banho será feito em tempo real, o que permitirá informar os festivaleiros de eventuais tempos de espera. Como? Através da aplicação do Rock In Rio para smartphone (Android e iOS), que irá mostrar quais as zonas com mais ocupação ou demora.

Contudo, esta tecnologia vai mais longe: o sistema mede o tempo médio de ocupação (ainda por calcular, porque isto nunca se fez) e, caso se verifique uma demora anormal, um segurança irá deslocar-se ao cubículo para saber se está tudo bem.

Smart Energy

Um grande festival faz-se de números grandes e o Rock In Rio é conhecido também por isso. Por exemplo na espetacularidade dos palcos, em particular do principal (Palco Mundo), onde o som é colossal e o jogo de luzes capaz de impressionar, uma grande estrutura de engenharia que só funciona, claro está, com grandes quantidades de energia elétrica. Em apenas duas horas, o Palco Mundo consome eletricidade equivalente à de 3.000 apartamentos (cerca de 3 megawatt).

Para monitorizar o Palco Mundo, Palco Vodafone, Tenda Eletrónica e Tenda VIP, serão instalados dezenas de sensores que recolhem informação sobre o consumo de energia (em tempo real), os dados recolhidos vão permitir ajustar a potência dos geradores e os dados globais, mais tarde, serão analisados para otimizar a produção e distribuição da energia pelo recinto, em futuras edições.

Smart Waste

Dezenas de milhares de pessoas produzem muito lixo. Esta nova solução tecnológica da Vodafone vai permitir a monitorização dos compactadores de lixo instalados no recinto, evitando constrangimentos. Os técnicos vão ser informados, através do smartphone, do desempenho destas máquinas, evitando assim que se atinja um limite que comprometa a higiene do espaço, ou seja, a acumulação de lixo.

Smart Air

A avaliação da qualidade do ar no parque da Bela Vista terá apenas um caráter informativo, mas ainda assim, é um indicador fundamental em qualquer smart city (cidade inteligente) — o ensaio destas novas tecnologias é um dos objetivos globais deste projeto. Os sensores instalados em diferentes pontos do recinto vão permitir que toda a gente tenha acesso a parâmetros como a temperatura e humidade, através de painéis informativos ou da app do telemóvel.

Smart Water

Por muita cerveja que se venda, 60 mil pessoas num parque com mais de 40 hectares precisam, ainda que indiretamente, de muita água potável. A gestão deste recurso será supervisionada através dos dados recolhidos pelos sensores colocados diretamente na rede, que vão controlar os níveis de abastecimento e alertar para falhas na distribuição, em tempo real, possibilitando uma resposta imediata.

5 fotos

Ao contrário do que se possa pensar, a incorporação de tecnologia nestas cinco valências não implica redução de pessoal no recinto do festival. Ricardo Acto, Diretor de Operações do Rock In Rio, esclareceu que estas soluções vão permitir antecipar problemas e agilizar a respetiva solução — a obtenção de dados em tempo real permite um alerta e intervenção imediatos, poupando tempo e, eventualmente, males maiores.

Esta iniciativa da Vodafone no Rock In Rio 2016, pioneira a nível mundial, é um projeto de continuidade, já com ensaios importantes em curso, nomeadamente no âmbito do projeto Smart Cities. João Mendes Dias fez questão de sublinhar que o objetivo para esta edição do festival é testar o conceito e desenhar novas e eficientes soluções para o futuro.

E quanto custou o desenvolvimento destas novas aplicações? O administrador da Vodafone explicou que essas são contas difíceis de fazer e que ainda não há valores para o preço da iniciativa, simplesmente porque, na prática, isto nunca foi feito. Ou seja, ainda não é conhecida a relação custo-benefício. Mas olhando para os traços gerais — gestão e tecnologia aliadas para proporcionar economia e conforto — existe a convicção que este teste, chamemos-lhe assim, tem tudo para ser bem-sucedido.

A confiança da Vodafone é tanta que autarcas e responsáveis de vários municípios do país foram convidados a estar presentes no Rock In Rio, para ver como funcionam estas novas tecnologias. Num ambiente controlado é tudo mais fácil, mas quem sabe se, desta “cidade temporária”, irão sair soluções para o dia a dia das cidades portuguesas. O futuro está a caminho.