O presidente do conselho de administração da EDP, António Mexia, afirmou esta terça-feira no parlamento que a empresa tem uma gestão “muito limitada” nos caudais do rio Tejo e que pouco poderá fazer para minimizar os impactos ecológicos.

O responsável da elétrica portuguesa foi ouvido esta tarde no parlamento, na Comissão de Ambiente, Ordenamento do Território, Descentralização, Poder Local e Habitação, sobre os caudais do Tejo e questionado sobre que intervenções é que a empresa poderia levar a cabo nas suas barragens para os controlar.

Em causa está um conjunto de audições que esta comissão parlamentar está a realizar para debater os focos de poluição no Tejo.

Na semana passada, como noutras alturas, registaram-se também inundações no distrito de Santarém devido à rápida subida dos caudais em dias de chuva. Segundo a Proteção Civil, o cenário deveu-se à precipitação e às descargas das barragens espanholas e portuguesas.

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António Mexia disse aos deputados que a EDP dispõe de “pouca capacidade de armazenamento e gestão” nas suas duas barragens mais próximas da fronteira com Espanha (Belver e Fratel) e “pouco poder para controlar os caudais do rio Tejo”.

“Não poderíamos fazer muito diferente do que fazemos atualmente. A EDP limita-se a abrir e fechar de acordo com o que vem de Espanha”, ressalvou, quando questionado sobre as “variações abruptas de caudais”.

António Mexia considerou que a natureza do Tejo não dá grande margem de manobra para que se possa minimizar os impactos da variação dos caudais sobre a fauna e flora do rio.

Durante a audição o responsável abordou também a questão do estabelecimento de caudais ecológicos, ressalvando que os mesmos “não irão alterar a perceção que as populações têm sobre a poluição no rio Tejo”.

António Mexia também recusou a ideia de que tanto a EDP como a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) alguma vez tenham tido uma atitude passiva relativamente à poluição.

“Estamos confortáveis porque a nossa capacidade de gestão é muito diminuta. Temos estado sempre em articulação com a APA, que sempre demonstrou a maior abertura e o maior pragmatismo possível”, concluiu.