O presidente do Sindicato dos Estivadores classificou esta segunda-feira de “terrorismo psicológico” e “atentado ao Estado de direito” o anúncio de um despedimento coletivo e a presença da PSP no Porto de Lisboa, para acompanhar a retirada de contentores retidos.

António Mariano reagia assim, em declarações à agência Lusa, ao anúncio feito pelos operadores do Porto de Lisboa de que vão avançar com um despedimento coletivo por redução de atividade e à presença de uma equipa da PSP na manhã desta segunda na zona de Alcântara, em Lisboa, numa medida de prevenção para a retirada de contentores retidos há cerca de um mês, quando começou a greve dos estivadores.

“Temos aqui o terminal de Alcântara rodeado de Polícia de Intervenção, a colocar dentro do terminal fura-greves, trabalhadores dessa empresa [Porlis], sem que os estivadores tivessem sido colocados, pois não foram pedidos serviços mínimos para aqui”, declarou.

Segundo António Mariano, já não é só o direito à greve que está em causa, mas o “Estado de direito”. “Numa situação de greve, chega-se com a Polícia de Intervenção, viola-se o direito à greve e retira-se daqui os materiais que nós não movimentamos porque não estão cobertos pelos serviços mínimos”, sublinhou António Mariano.

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No que diz respeito ao anúncio de despedimento coletivo, António Mariano disse que “não está surpreendido” e lembrou que os operadores já o tinham feito duas vezes, em 2013 e 2015.

“São empresários habituados aos despedimentos coletivos. Não nos espanta nada. O anúncio foi mais um elemento do nível de terrorismo psicológico para onde eles querem elevar esta situação. Não temos nada de concreto sobre isso, a não ser o anúncio desses senhores”, disse.

O sindicalista garantiu que os trabalhadores sempre “estiveram disponíveis para negociar, mas não para fazer o que as empresas querem”.

“Há pelo menos um aspeto positivo do que foi ontem anunciado: é que pela primeira vez, formalmente e oficialmente, as empresas reconheceram a possibilidade de fechar, suspender a atividade dessa segunda empresa paralela de estivadores”, afirmou António Mariano à Lusa, referindo-se à Porlis, uma empresa que, segundo o sindicalista, foi criada pelos empresários com o “objetivo de levar à insolvência a empresa onde trabalham”.

“Nós estamos disponíveis para trabalhar um turno e não dois, o que dizemos também é que não trabalhamos com essa empresa alternativa”, sublinhou.

António Mariano garantiu que “tudo o que são bens deterioráveis, alimentares, granéis para as ilhas, está a ser feito”.

“Estamos a fazer tudo o que está nos despachos desde 2 de maio, quando entraram em execução. O que vêm aqui fazer hoje [ao Porto de Lisboa] é retirar outras cargas por outros interesses”, frisou.

António Mariano garantiu que o sindicato vai manter-se no Porto de Lisboa para acompanhar a situação, que, em sua opinião, só pode ser resolvida com uma intervenção política.

O presidente do sindicato salientou ainda que os trabalhadores não reuniram nem com empresas, nem com o Governo.

“Não reunimos, não há nenhuma rejeição de acordo. Querem é chegar a este estado de pânico. Nós estamos perfeitamente calmos. Eles que avancem para o despedimento coletivo”, concluiu.