Ainda hoje há quem em Old Traford, sobretudo quando a coisa está a dar para o torto, quando Rooney, Depay ou Martial não acertam com o que deviam acertar [a baliza], suspire por Eric — quem o ama, só o trata por Eric e não por Cantona –, pelos finos pés que o matulão francês tinha, pelos golos que marcava em barda [fez 82 em 185 encontros pelo Manchester United], até pelo mau feitio (ou será atitude?) suspiram.

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Mas Eric Cantona já se deixou de futebolices. O adeus foi a 11 de maio de 1997, quando o United venceu em casa o West Ham por 2-0. Hoje, a viver em Lisboa — “Sinto-me vivo aqui!”, diz –, comenta as futebolices dos outros. E sobretudo comenta as vitórias (poucas, desde que Alex Ferguson se retirou) e más escolhas dos “seus” red devils.

Eric Cantona chegou a um número redondo no calendário esta terça-feira: 50 anos. E foi o que é sempre: polémico. Em entrevista ao The Guardian, por entre elogios ao mais do que provável novo treinador do Manchester United, José Mourinho, também atirou, de chofre: “Não é treinador para este clube”.

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E explicou: “Quando Ferguson saiu, os adeptos perderam algo. Eles sentem-no. E também eu. Venha quem vier [primeiro David Moyes, depois Louis van Gaal, agora Mourinho?], é difícil substituir alguém que esteve 25 anos no clube. Mesmo quando se é um grande treinador, os adeptos sentem a falta da filosofia que Ferguson implementou aqui.”

Mas afinal, monsieur Cantona, porque é que Mourinho não é o homem certo no lugar certo? “Eu amo verdadeiramente o José Mourinho, atenção. Mas olhando ao futebol que as equipas dele praticam, aquilo não é o ‘Manchester United'”, explicou o ex-internacional francês. E continuou: “Eu amo a personalidade dele, a sua paixão pelo jogo, o seu humor. Ele é muitíssimo inteligente, exige 100% de cada jogador que treina. E vence, claro que vence. Mas mesmo vencendo, a jogar como joga, acham mesmo que os adeptos do Manchester United vão gostar do que veem? Não acredito nisso.”

Mourinho out. Certo. Então quem deveria estar in? “Eu.” Como disse? “Eu. Os adeptos sentem a minha falta”, gracejou ao The Guardian. Agora a sério: “O Guardiola era o treinador ideal. Ele é o filho espiritual do Cruyff. Eu adorava vê-lo no Manchester United, ele era o único capaz de alterar tudo o que está mal, mas pelos vistos escolheu o lado errado de Manchester [o City]. Já imaginaram como seria vencer e, ao mesmo tempo, jogar um futebol maravilhoso?”