A taxa de juro a 10 anos da Alemanha desceu esta terça-feira para valores negativos (-0,03%), o que significa que os investidores que estão a negociar estes títulos estão, na realidade, a aceitar perder capital. Este é um resultado da incerteza que se vive nos mercados financeiros internacionais, nomeadamente em relação aos riscos de saída do Reino Unido da União Europeia, e dos estímulos monetários cada vez mais intensos por parte do Banco Central Europeu (BCE). Também do outro lado do Atlântico, muitos analistas duvidam que a Reserva Federal irá mesmo voltar a subir a taxa de juro nos próximos meses.
Os investidores em dívida pública negociaram esta terça-feira dívida alemã a 10 anos com uma taxa de -0,03%, o que contrasta com aquilo que continua a ser pedido a países como Portugal — onde as taxas de juro têm voltado a subir nas últimas semanas e já estão na região dos 3,3%.
A descida das taxas de juro da Alemanha explica-se pelo ambiente de aversão ao risco que está a marcar os mercados financeiros, algo que tende a induzir os investidores, de um modo geral, a procurar refúgio junto de ativos vistos como sem risco, como a dívida alemã e norte-americana (além de outros ativos, como o ouro, por exemplo). Ao mesmo tempo, ativos como a dívida pública portuguesa tendem a ficar sob pressão.
A Alemanha junta-se, assim, a países como o Japão e a Suíça, que já têm taxas de juro negativas há vários anos. Os mercados financeiros estão a levar a sério o risco de uma vitória do Sair no referendo britânico e admite-se que o Banco Central Europeu (BCE) possa anunciar novos estímulos monetários nos próximos meses, incluindo mais descidas da taxa dos depósitos, que já está negativa — ou seja, os bancos estão a pagar quando depositam excessos de liquidez no banco central.
“O ambiente, de um ponto de vista fundamental, é indutor de taxas de juro baixas. E não há nada à vista, no curto prazo, que possa levar a uma inversão dos acontecimentos”, diz um analista citado pela Bloomberg. Más notícias para Portugal que, num ambiente de maior aversão ao risco, conta com uma menor disponibilidade de muitos investidores para entrarem num ativo com ratings de fraca qualidade e poucas transações diárias.