Há algo que sempre temos de fazer aqui deste lado, quando escrevemos, que é procurar uma imagem para ir com o texto. Quando se vai procurar por fotografias de Kolbeinn Sigthorsson no jogo contra Portugal o que se encontra não varia muito. Ele é um tipo de um loiro quase amarelo, alto, largo de costas, e aparece a saltar a bolas. Em muitas está de olhos fechados ou com cara esquisita, das típicas que um jogador faz nos milésimos de segundo em que vai com a cabeça à bola. Não se vê outra coisa quando se vai à procura de fotografias deste avançado islandês que joga 81 minutos contra a seleção.
É normal porque ele tem um número anormal. Durante esse tempo ganha 18 das 25 bolas que lhe chegam pelo ar. Com a cabeça faz mais do que o número de passes que qualquer outro islandês consegue fazer na partida, com os pés. Seja Pepe, Ricardo Carvalho e Danilo, sobretudo a estes três, os 1,86m de Sigthorsson (que joga no Nantes, de França) chegam para ir buscar qualquer passe longo ou chuto para a frente que a equipa faça. E ele não se importa, até sorri, quando lhe pergunta se tens um minuto para conversar na zona mista do estádio Geoffroy-Guichard. Claro que tem, como têm todos os jogadores islandeses que ali passam, felizes da vida e disponíveis como poucos para falar aos jornalistas.
Olá Kolbeinn, podemos falar?
Claro.
Sabias que ganhaste 18 bolas de cabeça durante o jogo?
Yeah, disseram-me no balneário. É bastante bom. Jogámos bastantes bolas longas hoje, sabíamos que Portugal não era a melhor equipa pelo ar e, ao início, até resultou. Ganhámos a maioria das primeiras bolas.
Era esse o vosso plano?
Mais ou menos, pelo menos no arranque. Pareceu resultar e por isso continuámos a fazê-lo. Não é futebol bonito, mas é eficaz, e conseguimos marcar um golo assim. Acabou por nos sair bem e estamos deliciados com este resultado.
Não é cansativo estar constantemente a saltar à bola e a lutar no ar com os centrais?
Noooo, nem por isso.
Mas o Pepe é um tipo grande.
Sim, mas já estou habituado a fazer isto, é uma das minhas qualidades, faço-o muitas vezes. Hoje funcionou muito bem e, como disseste, está provado nas 17 ou 18 bolas que ganhei no ar. Como disse, é um super-resultado para nós, especialmente depois de estarmos a perder contra Portugal. Eles podiam ter marcado mais golos, mas, de alguma maneira, conseguimos guardar a baliza depois do 1-1.
Não estava nervosos ou ansiosos ao início?
Talvez um pouco, sim. Eu não senti, por acaso. Senti mais que estávamos a tentar defender em demasia nos primeiros minutos. Mas pronto, também fazia parte do nosso plano e da nossa tática.
E a atmosfera no estádio, não vos arrepia ouvir os adeptos islandeses? Eles não se calam.
São incríveis. É fantástico o apoio que recebemos. Se olhares para a última meia hora, os adeptos islandeses eram donos do estádio. No final foi um alívio quando o árbitro apitou.
Do que gostaste mais: o golo do Bjarnasson ou aqueles minutos de festa após o jogo, com os adeptos?
Ambos. Foram dois bons momentos e, como um jogador desta equipa, claro que nunca os vou esquecer.
Pensam nos oitavos-de-final?
Ainda não estou a pensar nisso. Vamos tentar obter um resultado no próximo jogo [é contra a Hungria] e dar ainda mais alegria ao nosso povo.