Se é daqueles que quer apenas o que há de melhor e está decidido a comprar um SUV, a escolha só pode ser uma: o Bentley Bentayga. E a primeira unidade para venda já está em Portugal. Esqueça as dimensões quase paquidérmicas, o luxo asiático do seu interior ou até mesmo a lista de equipamento que nunca mais acaba. Tudo isto é importante, mas o primeiro SUV da Bentley vale muito mais.

A alma do modelo britânico do Grupo Volkswagen, representado entre nós pela SIVA, é um imponente motor a gasolina com 6,0 litros e 12 cilindros em W – na realidade são quatro conjuntos de três cilindros em linha, o que o torna numa unidade muito larga, mas igualmente curta, ideal para ser posicionada em posição o mais central possível. Mas a complexidade da mecânica não fica por aqui. O ar é soprado por dois turbocompressores e a gasolina alimentada por um sistema de injecção misto, directa e indirecta, com a gestão electrónica a decidir qual a melhor solução em cada momento, sendo que ideia é andar muito e consumir – e poluir – pouco. O resulta só podia ser impressionante: 608 cv, verdadeiros puro-sangue desejosos de impulsionar o maior dos Bentley até ritmos nunca vistos.

Como SUV que é, o Bentayga – deve a denominação a uma montanha das ilhas Canárias – recorre a um sistema de tracção integral, similar ao Quattro dos Audi, o que lhe permite digerir lamaçais com o mesmo à vontade com que anda nas dunas de areia do deserto. E esta habilidade para andar na areia é importante, sobretudo porque areia é o que não falta nos países que integram os Emiratos Árabes Unidos – onde se encontram a maior parte dos clientes do modelo inglês. Associada à tracção integral está uma caixa automática com oito velocidades, que explora correctamente o potencial do veículo. Este pode num instante ser conduzido com o maior dos cuidados, quase ternura, para não agitar quem se senta atrás, para no momento seguinte acelerar de forma tão violenta que até faz inveja a muitos desportivos. E os números falam por si, com o Bentayga a atingir 301 km/h e a passar pela fasquia dos 100 km/h ao fim de 4,1 segundos. Há Ferrari e Porsche que ficam aquém deste valor e nenhum deles pesa 2440 kg – andam mais próximo de metade deste valor. E muito menos podem transportar a família completa, com bagagem e tudo.

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Se impressiona por fora, imagine por dentro

Quem vai lá dentro tem a difícil tarefa de decidir o que o impressiona mais: se o espaço mais que generoso para cinco adultos, ou o extremo cuidado colocado nos mais ínfimos pormenores. Da pele utilizada à atenção dedicada aos pespontos, passando pela forma como tudo é envolvido e torneado, recorda-nos que pagámos 300.000€ por algum motivo – o trabalho artesanal dos técnicos britânicos. Este tipo de construção tem ainda a vantagem de cada um poder ter um Bentayga diferente do Bentley do vizinho, com a marca a disponibilizar 15 cores e tipos de couro para revestir o habitáculo, conjugáveis com as 17 cores previstas para a carroçaria. Mas não se iniba, pois se quiser um destes SUV num magnífico verde-alface, azul às pintinhas ou camuflado, garantimos que a resposta da marca vai ser sempre a mesma: é para já.

Se o modelo impressiona parado, deixa-nos boquiabertos quando começamos a andar. Começa por nos cativar o silêncio, ou a ausência de ruídos – parasitas, de rolamento ou aerodinâmicos –, ou muito provavelmente ambos. Depois começamos a apercebermo-nos da capacidade das suspensões em filtrar as irregularidades das estradas. De funcionamento pneumático, o Bentayga parece um tapete voador, tornando boas mesmo as más condições do piso.

Mas isto é um Bentley com mais de 600 cv, pelo que só passear não faz sentido. Nem os engenheiros da marca iriam apreciar, pois se esse fosse exclusivamente o objectivo, bastava um terço da potência. Nada disso, os 608 cv estão lá e é para os utilizar. Ao máximo. E é aqui que descobrimos a outra dimensão do impressionante veículo. É enorme e pesado, mas curva como se fosse um desportivo. O truque? As barras estabilizadoras activas. Controladas por um sistema eléctrico específico – alimentado a 48 Volt, para ser mais rápido e eficaz –, as barras do Bentley tornam-se macias em recta, o conforto agradece, para serem mais duras em curva, privilegiando o comportamento. É isto que faz com que o carro não adorne ao curvar, reduzindo a transferência de massas e melhorando a eficácia. O resultado não podia ser melhor, a justificar perfeitamente os cerca de 200.000€ que a marca britânica cobra por um destes SUV de sonho. Os outros 100.000€ são impostos. E portugueses.

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