Com as principais tendências do Bloco alinhadas, as vozes críticas da atual direção e do rumo que o partido está a tomar desde que se juntou ao arco da governação couberam aos promotores das moções alternativas – a moção R e a moção B. Ao Observador, Catarina Príncipe, que encabeçava a moção R, critica a “dependência” a que o BE se votou quando assinou o acordo com o PS, uma dependência que diz ser escusada na medida em que era o PS que “precisava da esquerda para sobreviver”.
“O que vemos na Europa é o desmantelamento das sociais-democracias e nós sabemos que a estratégia de recuperação dos partidos socialistas europeus tem de passar pela descolagem das suas políticas da direita e colagem à esquerda. Por isso, achamos que o BE podia ter ido mais longe no acordo que fez com o PS, porque havia espaço de manobra, o PS precisava deste acordo para sobreviver”, diz.
É sobretudo esta a crítica que a pequena tendência bloquista faz à direção. Feitas as contas, a moção R acabou por ter 58 votos na Convenção e conseguiu eleger 9 membros da Mesa Nacional (num total de 80). Dentro do partido, chamam-lhes os “radicais românticos”, mas o grupo bloquista não se incomoda. À semelhança do que aconteceu com o termo “geringonça”, primeiro estranha-se, depois entranha-se.
“Chamaram-nos radicais românticos como um insulto neste processo de Convenção, mas nós vemos isso como um orgulho, achamos que ser radical é uma necessidade da esquerda porque é ir à raiz dos problemas e dar resposta aos problemas pela sua raiz. E somos românticos no sentido em que achamos que ainda conseguimos transformar esta sociedade de forma ainda mais profunda”, explica.
Para Catarina Príncipe, tudo no acordo com o PS é “insuficiente” e o BE deve ir mais além. Mas como? “Recuperando nas ruas, fazendo campanha sobre as questões centrais do seu programa, como é o caso da reestruturação da dívida e do controlo público da banca, em vez de ficar preso na agenda mediática e imediata daquilo que é o acordo com o PS”. Ou seja, precisa de ter mais vida própria, diz.