Um dia depois de Wolfgang Schäuble ter dito que Portugal podia precisar de um segundo resgate caso não cumprisse as regras orçamentais, António Costa faz uma afirmação curiosa. “Os alemães que nos conhecem confiam e investem em Portugal”. Resposta indireta do primeiro-ministro português ao ministro das Finanças alemão? Tudo parece apontar nesse sentido.
No Twitter, e depois de esta quinta-feira ter visitado as instalações da Continental (marca alemã), em Vila Nova de Famalicão, António Costa aproveitou para assinalar a assinatura de dois contratos com a empresa, que preveem um investimento de 50 milhões de euros e a criação de mais 125 postos de trabalho. “Mais que previsões ou especulações, o que Portugal precisa é de investimentos concretos como este. É um grande investimento. Queremos mais”, pode ler-se na conta oficial do primeiro-ministro.
Assinei o layout da nova nave industrial da Continental Mabor, a guardar numa cápsula do tempo. É, sem dúvida, um projeto de futuro. 1/2
— António Costa (@antoniocostapm) June 30, 2016
Mais q previsões ou especulações, o q Portugal precisa é de investimentos concretos como este. É um grande investimento. Queremos mais. 2/2
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Os alemães que nos conhecem confiam e investem em #Portugal . pic.twitter.com/iP48uGqvBf
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Antes, António Costa tinha aproveitado a visita às instalações da Continental para sublinhar a urgência que o país tem de relançar o investimento. “[Portugal] tem de recuperar o tempo que perdeu com o relançamento do quadro comunitário” porque “não pode deixar para os penáltis nem para o prolongamento”, afirmou o primeiro-ministro, de acordo com a Agência Lusa.
Na quarta-feira, António Costa escusou-se a comentar as declarações do ministro das Finanças alemão. Acabou por ser Marcelo Rebelo de Sousa a pronunciar-se sobre a questão, desvalorizando as palavras de Schäuble — o Presidente da República descreveu-as “pressão política”.
Do lado do socialista, foram várias as vozes que se levantaram contra o governante alemão. A resposta oficial do PS veio de Carlos César, presidente socialista, que acusou Schäuble de “arrogância persistente”.