José Manuel Coelho, o polémico deputado madeirense do PTP, mostrou uma bandeira do Estado Islâmico durante um discurso no parlamento da Madeira, na manhã desta sexta-feira. Durante a sessão solene que assinala o Dia da Região, em que estava presente Marcelo Rebelo de Sousa, o deputado comparou os tribunais aos jihadistas por supostamente o perseguirem como se fosse “um malfeitor”.
“Senhor Presidente da República, use a sua magistratura de influência para nos libertar destes magistrados fundamentalistas, jihadistas camuflados, que nos oprimem e levam o povo rumo ao obscurantismo”, apelou José Manuel Coelho a Marcelo.
“Vou usar a bandeira do Estado Islâmico, como grito de alerta, como uma chamada de atenção para o estado calamitoso do Ministério Público e dos tribunais no nosso país”, disse o deputado no final do discurso, antes de desfraldar a bandeira.
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Durante o discurso, o deputado comparou-se a Luaty Beirão, dizendo que “a penhora dos bens e vencimentos faz o mesmo efeito e sem alarmar a comunidade internacional pela violação dos direitos humanos”. José Manuel Coelho já foi condenado em diversos processos judiciais, nomeadamente por crimes de difamação, e tem sofrido cortes e penhoras no seu salário.
José Manuel Coelho queixou-se também de que a autonomia “foi tomada de assalto pelo PSD num longo reinado de 37 anos: foram anos de muitas obras públicas, mas também de muita corrupção”. Para o deputado, “não há liberdade de expressão” na Madeira.
Marcelo Rebelo de Sousa não se referiu ao incidente no seu discurso, onde declarou ter “fé no futuro” de Portugal e considerou a Madeira um exemplo para o resto do país.
“A Madeira pode vir a ser, se os madeirenses o quiserem, um exemplo de luta consistente pelo progresso e justiça social que o continente deve observar com espírito de partilha e solidariedade”, vincou o chefe de Estado. O Presidente reconheceu que “ainda há um longo caminho a percorrer” na região, nomeadamente a nível financeiro e de justiça social, mas reforçou que “a autonomia é um ideal que se constrói diariamente, em diálogo com todas as forças politicais e sociais da região”.
“Os madeirenses e os açorianos querem ser portugueses exatamente com o mesmo fervor dos minhotos e beirões, para evocar apenas aqueles que têm a ver com as minhas raízes familiares”, continuou o chefe de Estado, depois de ter escutado palavras dos deputados das várias forças políticas com assento parlamentar — incluindo a intervenção de José Manuel Coelho — e não deixou de fazer referência ao “saudável confronto de opiniões” na região que não retira o global “patriotismo nacional e fidelidade à República”.
Esta não é a primeira polémica em que José Manuel Coelho está envolvido, relacionada com a sua relação com os tribunais. Em março deste ano, despiu-se na sala do plenário do Parlamento Regional da Madeira, em protesto contra um corte no seu salário de deputado. “Se me tiram tudo, levem-me também a roupa”, disse o deputado.
Nas comemorações do 25 de abril deste ano, o deputado apareceu com uma bandeira da Madeira com alguns elementos colados: pequenas bandeiras do Panamá e fotografias do presidente e do vice-presidente da Assembleia Legislativa da região autónoma, numa referência ao escândalo dos Panama Papers.
José Manuel Coelho interrompeu festejos de 25 de Abril na Madeira:
Os trabalhos foram interrompidos quando o… https://t.co/XZAbYP3X6y— RTPN (@RTPN) April 25, 2016
Em 2008, José Manuel Coelho tinha ostentado uma bandeira nazi numa sessão da Assembleia Legislativa da Madeira: