A Porsche cumpriu a tradição e, como já tinha acontecido com todos os seus modelos anteriores, também o novo Panamera foi prestar provas a Nürburgring. E os objectivos foram cumpridos, pois o Panamera Turbo bateu o recorde do circuito para berlinas desportivas de quatro portas. Só que, ao fazê-lo, realçou o feito alcançado há uns meses por um dos seus rivais, o Alfa Romeo Giulia Quadrifoglio. Como o modelo transalpino acusou apenas mais um segundo por volta e custa cerca de metade do modelo germânico, quem saiu a ganhar foi a Alfa Romeo, que vê o seu desportivo de quatro portas ser comparado com os melhores e afirmar-se, cada vez mais, como uma proposta tentadora.

Desportivo que se preze tem necessariamente de estabelecer o melhor tempo por volta possível no tortuoso circuito de Nürburgring, também conhecido por “O Inferno Verde”. É aqui que se separam os homens dos meninos, em matéria de desportivos, é claro, e não há construtor que se escuse ao teste, sempre na tentativa de bater a concorrência. Foi o que fez a Porsche, que levou até ao anel norte de Nürburgring, traçado com 20,8 km de extensão e 154 curvas, o novo Panamera Turbo. A fazer fé no comunicado emitido pelo circuito, a unidade ensaiada foi o Turbo de 550 cv, capaz de atingir 306 km/h e os 100 km/h em apenas 3,6 segundos, valores impressionantes, mas não tanto quanto o tempo que registou no circuito alemão: 7 minutos e 38 segundos. É obra. E é também 14 segundos melhor do que o tempo alcançado pelo Panamera Turbo S, na primeira geração, com 570 cv e que anunciava 310 km/h e 3,8 segundos de 0 a 100 km/h.

Não deixa de ser notável que um carro concebido para passear a família, com o máximo de conforto e requinte, seja capaz de se adaptar a ser pilotado quase como um carro de corridas e realizar uma volta – nas mãos de um piloto profissional, como acontece sempre nestes casos – a um ritmo avassalador, deixando para trás os tempos obtidos (anos antes, é certo) de veículos como o Ferrari F430, o Lamborghini Gallardo e muitos Porsche 911.

Mas o que verdadeiramente a Porsche queria bater – ou melhor, necessitava desesperadamente de bater – era o tempo realizado pelo Alfa Romeo Giulia, que em Setembro do ano passado fixou a sua melhor marca em 7.39, batendo largamente o tempo do BMW M5 (7.55, obtido em 2011), mas tirando igualmente 13 segundos ao valor atingido pelo novo M4, igualmente em 2015.

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Perder por apenas 1 segundo foi o melhor que podia acontecer à Alfa. Em abono da verdade, para os italianos, o melhor mesmo era o Panamera não ter conseguido bater o Giulia. Mas não se pode ter tudo. Ao ser um honroso segundo classificado, na lista de berlinas mais rápidas na pista alemã, praticamente em cima de um modelo respeitado como o Panamera, a versão Quadrifoglio do Giulia deu ainda mais nas vistas. Recorrendo ao motor 2.9 V6 Biturbo – desenvolvido pela Ferrari –, que lhe fornece 510 cv e lhe permite alcançar 307 km/h e os 100 km/h ao fim de apenas 3,9 segundos, o Alfa provou ser veloz e eficaz, pois sem estes dois argumentos não se consegue ser rápido no difícil traçado. E, na realidade, precisar de 459 segundos para cumprir os 20,8 km do percurso, em vez dos 458 segundos do Porsche, convenhamos que é uma derrota que sabe a vitória. Sobretudo, se considerarmos que enquanto o Porsche Panamera Turbo é proposto por 188.000€ entre nós, o Alfa Romeo Giulia Quadrifoglio (preço e ficha técnica aqui) exige em troca apenas 96.000€. Uma pechincha, e das rápidas.

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