A Associação Internacional das Federações de Atletismo (IAAF) recusou o pedido de 67 atletas russos para participarem nos Jogos Olímpicos Rio2016, apesar da suspensão da federação russa (FAR) devido aos escândalos de doping.
A IAAF apenas deu às atletas Yulia Stepanova, especialista nos 800 metros e que contribuiu para denunciar os escândalos de doping, e Daria Klishina, saltadora em comprimento, a autorização para participarem nos Jogos na qualidade de atletas neutras, sem representar a Rússia.
Os 67 atletas russos foram informados da decisão na passada madrugada, segundo disse à televisão estatal russa o secretário-geral da FAR, Mikhail Butov.
“A razão dada aos atletas é a desconfiança em relação ao sistema antidoping russo”, precisa a federação russa em comunicado.
A decisão da IAAF afeta, entre outros, a saltadora com vara Yelena Isinbayeva, dupla campeã olímpica e recordista mundial, que relativizou a importância das declarações que chegam do organismo internacional.
“Não valem nada, não são mais do que palavras ocas, porque apenas uma decisão é importante para nós, que é a que vai emitir o Tribunal Arbitral do Desporto (TAS) de Lausana”, disse Isinbayeva, após conhecer a notícia.
Os 67 atletas que aspiram participar nos Jogos do Rio apresentaram há cerca de duas semanas um recurso no TAS contra a decisão da IAAF que os impossibilita de participar em eventos internacionais.
Embora o Comité Olímpico Internacional (COI) tenha permitido que atletas russos que tenham demonstrado estar ‘limpos’ pudessem participar no Rio2016, mesmo com a FAR suspensa, a IAAF, em cujas mãos o COI deixou a decisão sobre quem está livre de toda a suspeita, decidiu que a autorização seria dada aos atletas que tenham treinado fora da Rússia, condições apenas cumpridas por Stepanova e Klishina.
A suspensão da FAR foi imposta pela IAAF depois de uma comissão independente da Agência Mundial Antidopagem (AMA) ter recomendado em novembro de 2015 a exclusão da federação russa de todas as competições internacionais, inclusivé os Jogos Rio2016.
A primeira entidade a acusar a Rússia de doping patrocinado pelo Estado foi o canal de televisão público alemão ARD, que, num documentário emitido em 2014, expôs um elaborado sistema de doping encoberto pelo Estado russo.
Uma comissão independente da AMA confirmou então que a Rússia não cumpria com os protocolos estabelecidos pelo Código Mundial Antidopagem e que o governo de Moscovo era parte integrante de um esquema de corrupção e de encobrimento para que atletas de elite russos utilizassem substâncias proibidas em competições internacionais.