Os jogos da LEGO são, possivelmente, alguns dos melhores para se jogar em família. Neles, pais e filhos (e até avós) afeiçoam-se pela forma humorística com que os estúdios da TT Games têm adaptado uma série de franquias distintas ao longo de mais de dez anos, sempre com um objetivo em comum: a diversão.
Diz-se que quem já jogou um jogo da LEGO, jogou-os a todos. E é bem possível que seja verdade. Cada um dos já muitos jogos lançados com settings tão distintos (que vão desde o Indiana Jones até ao Harry Potter) são executados sob uma fórmula simples. Em cenários quase totalmente construídos de peças LEGO (e quase totalmente destrutíveis), temos de resolver uma série de puzzles para podermos avançar no jogo. Cada personagem tem as suas próprias características: o Darth Vader, por exemplo, pode usar a Força para mover parte do cenário, ou o R2D2 consegue ligar-se a terminais informáticos. É nesta gestão do elenco deste maravilhoso universo que o jogo se vai desenrolando.
E já que falamos em elenco, há que lembrar que este , talvez, um dos pontos fortes do LEGO Star Wars: The Force Awakens. Temos tantos personagens para desbloquear, provenientes dos diversos filmes da saga, que conseguir “apanhá-los a todos” (agora que a frase voltou à moda com a febre do Pokémon GO) é uma tarefa que vai manter-nos entretidos por largas dezenas de horas.
Ao nível de mecânicas, há pouco que distinga o LEGO Star Wars: The Force Awakens de todos os outros já lançados como, por exemplo, o LEGO Avengers. Mas há três pequenas subtilezas que fazem toda a diferença no contacto com o jogo — e a primeira é o aspeto de cover shooting, semelhante a jogos como Gears of War, em que temos sequências de tiroteios com barreiras e em que tentamos atingir os nossos inimigos de LEGO antes que eles nos desconstruam (literalmente). Depois, os puzzles também ficaram mais complexos com a possibilidade de construirmos múltiplos objetos com os mesmos conjuntos de peças de LEGO. E o terceiro e último detalhe é a qualidade das dogfights (lutas aéreas entre naves), que ficam um pouco aquém do jogo mais realista lançado em novembro passado.
Depois do desapontante lançamento de Star Wars Battlefront no final do ano passado, a tarefa árdua de voltar a trazer a chancela Star Wars para os videojogos recaiu sobre os ombros poligonais da LEGO. Sem possuir uma adaptação “oficial” e “convencional” até agora (e ainda bem, diríamos), Star Wars: Episode VII – The Force Awakens vê o seu enredo ser construído com blocos e em que cada personagem é adaptada para versões LEGO.
A história principal deste LEGO Star Wars: The Force Awakens começa um pouco antes do sétimo filme da saga, levando-nos até ao filme anterior. Mais especificamente à Batalha de Endor. A história desenrola-se até à morte de Darth Vader, e este prólogo, em jeito de enquadramento, tanto serve para que qualquer pessoa perceba o contexto de The Force Awakens, como o facto de utilizar personagens clássicos como Vader, Luke, Leia e Han Solo acaba (ou não) por servir de porta de entrada a fãs do universo criado por Lucas e companhia.
É curioso como acaba por ser este jogo da LEGO a servir de acompanhamento canónico à história de Star Wars, na forma como preenche os espaços em branco de alguns eventos do novo filme. Algumas missões secundárias levam-nos a compreender como é que Han Solo e o Chewbacca caçaram os Rathtars antes de aparecerem no filme a bordo da nave Eravana, ou como Poe levou a cabo uma missão de salvamento ao célebre Almirante Ackbar. Existe um complemento e um acompanhamento à história do filme, com a possibilidade de revisitarmos algumas das situações da história em Modo Livre — ou seja, escolhendo os melhores personagens que determinada situação. Confrontar Kylo Ren, com o seu ídolo e avô Darth Vader — porque não? Ou encontrar Luke Skywalker em Ahch-To com o jovem Luke do Episode VI — apesar do paradoxo, porque não?
LEGO Star Wars: The Force Awakens é um jogo obrigatório para fãs de Star Wars, para fãs de LEGO, para fãs de ambos e até para quem nunca tinha ouvido as palavras “Star”, “Wars” e “LEGO”. É um dos jogos mais divertidos para toda a família, com muitos segredos para descobrir e muitos easter eggs repletos de humor, em que o próprio J. J. Abrams surge como personagem jogável e trazendo como bónus uma série de efeitos lens flare a acompanhar.
Ricardo Correia, Rubber Chicken