Recorda-se do Idol 3, o smartphone simétrico lançado pela Alcatel no ano passado? Falaremos agora do seu sucessor: o Idol 4S, um telemóvel também reversível e que se posiciona no topo da oferta da marca. Corre o Android Marshmallow (versão 6.0.1) e nota-se o esforço de diferenciação investido neste modelo: além de uma tecla esquisita e sobre a qual falaremos mais adiante, a própria caixa do telemóvel transforma-se nuns óculos de realidade virtual.

O Alcatel Idol 4S custa 450 euros. Tem um ecrã Quad HD de 5,5 polegadas — superior ao Full HD, com 1.440 pixels de largura por 2.560 de altura. É um ecrã AMOLED e, por isso, tem cores bastante vivas. A nitidez da imagem também satisfaz bastante e o brilho permite uma visualização sem problemas, mesmo em dias de muito sol.

O corpo é liso e metalizado, com bons acabamentos. Já o desenho é elegante, com linhas curvas e uma estrutura simétrica. Assim, o Idol 4S pode ser usado em qualquer posição, como já acontecia com o seu antecessor. É também um telemóvel leve (149 gramas) e fino, com sete milímetros de espessura. Só não gostámos do facto de a câmara traseira ser muito saliente, ficando exposta em demasia.

Trata-se ainda de um dual SIM, com uma só ranhura para dois cartões: um espaço para um cartão nano-SIM, e outro espaço híbrido, que tanto suporta um micro-SIM como um cartão de memória micro-SD. De memória interna, tem 32 GB. De RAM, apenas 3 GB. Inclui ainda um processador Qualcomm Snapdragon 652, com oito núcleos no total: são dois quad-cores, um a 1,8 GHz e outro a 1,4 GHz. Juntos, fazem do Alcatel Idol 4S um aparelho com capacidade mais do que suficiente para as tarefas básicas do dia-a-dia.

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Quanto às câmaras, este telemóvel integra uma câmara para selfies com oito megapixels e flash frontal, que filma a uma resolução de 1080p. Já a câmara principal tem um sensor de 16 megapixels, com flash LED — tirámos uma fotografia com ela, para que seja você a avaliar. Também filma em 4K (3.840 por 2.160 pixels), a 30 frames por segundo. Uma qualidade muito satisfatória, mas que se encaixa bem no preço do equipamento.

Além da qualidade da câmara principal, houve outro aspeto que nos chamou a atenção pela positiva. Estamos a falar das duas colunas incluídas nas extremidades superior e inferior do telemóvel. De facto, permitem uma experiência de áudio superior ao habitual, produzindo um som claro e preenchido. Quanto a especificidades, são duas colunas surround de alta-fidelidade, com 3,6 watts de potência.

Passemos então ao que menos nos agrada no Idol 4S. E começamos precisamente com algo que a marca exulta: a tecla Boom. Trata-se de um pequeno botão do lado direito do aparelho, localizado no sítio onde muitos telemóveis têm a tecla de bloqueio. E o que é isso do botão Boom, a tecla esquisita que referimos logo no primeiro parágrafo? Trata-se de um botão físico que pode executar várias tarefas, como criar composições de imagens a partir da galeria ou ativar efeitos do estado do tempo em 3D.

Na apresentação do aparelho em Portugal, que decorreu a 22 de junho, a marca explicou que o Idol 4S é um telemóvel feito a pensar nos millennials, ou seja, utilizadores com idades compreendidas entre 20 e 30 anos, aproximadamente. Ora, segundo a marca, tratam-se de pessoas que não querem perder tempo. O intuito da tecla Boom é, por isso, desempenhar tarefas rápidas: tirar uma foto, gravar um vídeo.

Mas nem por isso achamos que o botão físico se justifica. Na maioria das aplicações, a tecla Boom — inexplicavelmente assinalada com o símbolo de perigo — não desempenha uma função relevante, ou nenhuma função de todo. E a tese da rapidez cai por terra quando, para tirar uma fotografia com o Idol 4S, continua a ser preciso abrir a aplicação manualmente. Além disso, a passagem da tecla de bloqueio para a lateral esquerda do telemóvel acabou por provocar alguma confusão nos primeiros tempos de uso.

Depois, experimentámos este aparelho em pleno mês de julho soalheiro, que nem por isso justifica o quanto este telemóvel aqueceu nas nossas mãos. Ao fim de algum tempo de utilização normal, o Idol 4S que a Alcatel nos cedeu para teste ficou muito, muito quente. O mesmo aconteceu após breves minutos de experiência no modo de realidade virtual. E isso leva-nos à próxima parte desta análise.

Uns óculos que são uma caixa

A caixa do Alcatel Idol 4S transforma-se nuns óculos de realidade virtual. PATRICIA AMARAL / OBSERVADOR

Ao comprar o novo Idol 4S (ou a outra versão do aparelho, o Idol 4 VR), o utilizador recebe uns óculos de realidade virtual por acréscimo. Ou melhor, é a própria caixa de plástico do aparelho que se transforma neles. Ao separá-la em duas partes, basta passar a fita de apoio pelas ranhuras e fixá-las com o velcro. Depois, há que abrir uma aplicação no Idol 4S e acoplar o telemóvel à parte da frente dos óculos.

Ajustá-los à cabeça não é tarefa fácil, mas também não é difícil: nas primeiras utilizações, pedir a ajuda de outra pessoa é uma boa ideia. Mas, com a prática, deverá conseguir ajeitar os óculos sem grandes problemas. São confortáveis, embora possam provocar algum desconforto ao fim de dez minutos de utilização, aproximadamente. Ainda assim, isso varia de pessoa para pessoa.

A qualidade não é a melhor, mas é a suficiente para proporcionar uma primeira experiência de realidade virtual aos mais curiosos. Dependendo do conteúdo que reproduzir no telemóvel, é fácil esquecer-se do mundo à sua volta enquanto os usa. Porém, não espere usar este gadget com o mesmo entusiasmo durante muito tempo: ao fim de várias utilizações, torna-se aborrecido e é provável que acabe mais tempo a pôr os óculos noutra pessoa que nunca os experimentou do que, propriamente, a usufruir da experiência.

Mesmo assim, verdade seja dita: podem não ser os melhores óculos de realidade virtual existentes no mercado, mas foi boa ideia incluí-los na compra do telemóvel. Só o preço, quiçá, será ligeiramente exagerado.

Smart Platinum 7: serão irmãos gémeos?

À esquerda, o Smart Platinum 7 da Vodafone. À direita, o Idol 4S da Alcatel. Serão irmãos gémeos? PATRICIA AMARAL / OBSERVADOR

Não é todos os dias que acontece — e foi pura coincidência. Enquanto testávamos o Alcatel Idol 4S, recebemos da Vodafone o Smart Platinum 7, o novo topo de gama da operadora. Foi estranho: notámos muitas semelhanças entre ambos. Na realidade, era praticamente tudo igual. Exceto os acabamentos e um sensor de impressões digitais existente na parte traseira do novo modelo da Vodafone.

Lembrámo-nos depois: é a Alcatel quem produz alguns dos smartphones da marca Vodafone. E logo nos apercebemos de que estávamos perante o mesmo telemóvel. Isso mesmo: estes dois aparelhos são o mesmo — ou são irmãos gémeos, se preferir. Os pormenores estão lá todos: as câmaras iguais, as colunas iguais e a porta micro-USB, a entrada para auscultadores e os microfones exatamente no mesmo sítio.

Mas existem outras diferenças mais subtis. Primeiro, o Smart Platinum 7 não é um dual-SIM — permite apenas um cartão nano-SIM e um micro-SD. Depois, o sistema operativo tem ainda uma máscara da Vodafone, com várias aplicações da operadora. As colunas são igualmente boas, mais ligeiramente mais largas do que as do Idol 4S. E o preço base? 440 euros, na loja da Vodafone.

E porquê? Porque a versão da Vodafone é igual ao modelo do Alcatel Idol 4S comercializado unicamente nos Estados Unidos da América (EUA) e Canadá, como nos explica fonte da Alcatel, contactada pelo Observador: “A versão do Alcatel Idol 4S com sensor biométrico é um exclusivo para a região North America (EUA+Canadá), sendo a versão vendida em Portugal igual a todas as outras vendidas em todo o mundo em venda livre. Exclui-se daqui, naturalmente, a versão fabricada para a Vodafone.”

Mistério resolvido. Entre estes aparelhos, tudo o resto é igual ou muito, muito semelhante. Caso para dizer: acabou de ler duas reviews numa só, pois o que se aplica a um, aplica-se ao outro. E já valeu a pena chegar até aqui.