O ex-presidente da FIFA João Havelange morreu esta terça-feira aos 100 anos, que fez em maio. O brasileiro estava internado no Hospital Samaritano, em São Paulo, desde a semana passada devido a uma pneumonia.

Havelange esteve à frente da organização que manda no futebol internacional durante 24 anos, de 1974 a 1998, quando deu lugar a Joseph Blatter. Antes de assumir o cargo de presidente da FIF, dedicou-se ao desporto de alta competição, tendo praticado várias modalidades, como natação e polo aquático.

Como nadador, participou nos Jogos Olímpicos de Berlim, em 1936. Nos Jogos de Helsínquia, de 1952, competiu na prova de polo aquático, modalidade que lhe valeu uma medalha de bronze nos Jogos Pan-Americanos, três anos depois.

A idade avançada levou a que, nos últimos anos, fosse internado por diversas vezes. Em 2014, passou quatro dias no mesmo hospital devido a uma infeção respiratória e, em 2012, chegou a estar em estado grave devido a uma infeção bacteriana, refere o ESPN.

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Um dirigente importante e controverso

Jean-Marie Faustin Goedefroid Havelange nasceu a 8 de maio de 1916, no Rio de Janeiro, quatro anos depois do naufrágio do RMS Titanic. O seu pai, um comerciante de armas belga que fez fortuna no Brasil, tinha bilhete comprado para a vigem inaugural do navio mas, por sorte, perdeu o barco que o levaria a bordo. “Não fosse isso, eu não estaria aqui”, lembrou Havelange numa entrevista ao Globo.

Havelange a praticar desporto ainda em criança, nomeadamente no Fluminense, clube onde começou por destacar-se como futebolista (foi campeão juvenil em 1931) e, mais tarde, nadador. A paixão pelo desporto levou-o a várias competições internacionais, como os Jogos Olímpicos de Berlim (1936) e de Helsínquia (1952), onde competiu nas provas de natação e polo aquático, respetivamente.

Alcançou o bronze com a equipa de polo aquático brasileira em 1955, durante os Jogos Pan-Americanos de 1955, realizados na Cidade do México, mas foi como dirigente desportivo que mais se destacou ao longo dos seus 100 anos de idade.

Fora do desporto, estudou Direito na Universidade Federal Fluminense, chegando a exercer profissão como advogado. Seguiu as passadas do pai como empresário, tendo sido diretor-executivo da Viação Cometa, uma grande empresa de transportes brasileira.

Iniciou a carreira como dirigente no clube Vasco da Gama, assumindo depois o cargo de presidente da Federação Paulista de Natação, no final da década de 40. A esta, seguiu-se a Confederação Brasileira de Desportos (CBD), antiga Confederação Brasileira de Futebol, organismo que dirigiu de 1956 a 1974. Nesse período, a seleção brasileira conquistou os três primeiros títulos mundiais — em 1958, 1962 e 1970. Depois de abandonar a CBD, foi eleito para o Comité Olímpico Internacional, do qual foi membro entre 1963 e 2011, altura em que pediu para sair devido a problemas de saúde.

Em 1974, tornou-se presidente da FIFA, sucedendo a Sir Stanley Rous. Ocupou o cargo até 1998, quando foi substituído pelo suíço Joseph Blatter, permanecendo como presidente honorário. Demitiu-se desse cargo em 2013, depois de ter sido acusado de ter aceitado subornos da empresa de marketing ISL, num esquema que envolvia contratos para o Mundial de futebol.

Havelange esteve à frente da FIFA durante um período de profundas mudanças. Por esse motivo, o G1 lembra-o como “um dos dirigentes mais importantes”, mas também “mais questionados — da história do desporto mundial”.

Durante a sua liderança, foram criadas novas competições, como os Mundiais de Sub-17 e de Sub-20, a Taça das Confederações e o Mundial de futebol feminino. Apesar de controverso, Havelange ajudou a FIFA a crescer. Segundo a informação disponível no site da organização, o número de funcionários que trabalhavam na gestão aumentou de 12 para 120.