A vice-procuradora-geral do Brasil, Ela Wiecko, foi exonerada do cargo a pedido, esta terça-feira, após ser vista num vídeo a participar de um protesto contra o Presidente interino do Brasil, Michel Temer, que aconteceu em junho, em Portugal, numa cidade não identificada pela assessoria da Procuradoria-Geral da República.

A participação de Wiecko no protesto foi divulgada pela revista Veja esta terça-feira e consiste numa reportagem emitida no canal TVT, que tem ligações à Central Única de Trabalhadores (CUT), que é uma das principais representações de apoio ao PT, partido de Dilma Rousseff.

No vídeo, Wiecko aparece de óculos de sol, em segundo plano, a segurar uma faixa onde se lê “Fora Temer” e “Contra o golpe”, frases utilizadas frequentemente pelos opositores do Presidente interino. Entretanto, o professor da Universidade de Coimbra, Boaventura de Sousa Santos, fala à equipa de reportagem que “a comunidade internacional não vai aceitar o impeachment”. “Somos contra o golpe, a favor da democracia no Brasil, e tudo faremos internacionalmente para mostrar que esse golpe é realmente um golpe que visou com que os golpistas tentassem parar a luta contra a corrupção que estava a ser iniciada no Brasil”, diz.

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Ela Wiecko aparece destacada com um círculo branco no vídeo divulgado pela revista Veja

A Folha de S. Paulo relata que Wiecko não quer comentar a sua exoneração. No entanto, antes da decisão da Procuradoria Geral da República, havia dito à revista Veja que não via problemas em participar da manifestação. “Eu estava de férias, em um curso como estudante. Não posso pensar nada? Não posso ter liberdade de manifestação? Isso é um pouco exagerado. Fui discreta, estava junto, e não tive protagonismo maior”, afirmou.

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Questionada sobre o impeachment de Dilma Rousseff, disse à revista que “do ponto de vista político, é um golpe bem feito, dentro daquelas regras”. “Isso a gente vê todo dia, é parte da política”, ponderou.

A procuradora revelou, contudo, ter dúvidas quanto a Michel Temer e disse acreditar que “tem muita gente” que concorda com a sua opinião no Ministério Público Federal. “Tem muita gente que pensa como eu dentro da instituição [Ministério Público Federal]. Eu estou incomodada com essas coisas que estão acontecendo no Brasil. Não me agrada ter o Temer como presidente. Ele não está sendo delatado? Eu sei que está”, assegurou.

Segundo noticia o site G1, Wiecko continuará a trabalhar na PGR, apesar de ter sido exonerado da vice-presidência. A publicação descreve ainda que o seu marido, Manoel Volkmer de Castilho, foi exonerado, em agosto, do cargo de assessor técnico do ministro Teori Zavascki, no Supremo Tribunal Federal, após ter assinado uma petição de apoio ao ex-presidente Lula da Silva.