O presidente do banco chinês Haitong (ex-Banco Espírito Santo de Investimento) disse hoje que a entidade que dirige quer ajudar à estabilidade financeira de Portugal, mostrando-se disponível para participar numa solução para o Novo Banco.
“O caso do Novo Banco envolve a estabilidade do sistema financeiro de Portugal, é importante para a estabilidade financeira (…). O Haitong vai fazer os seus melhores esforços para procurar maneiras para solucionar o caso do Novo Banco”, afirmou hoje Hiroki Miyazato, depois de questionado pelos jornalistas sobre a proposta informal que o banco que dirige fez com vista a uma aquisição parcial do Novo Banco.
Segundo o jornal Público divulgou no início de agosto, à margem do concurso público para a compra do Novo Banco (o banco de transição que resultou da resgate do BES), o Haitong Bank fez uma proposta ao Fundo de Resolução para uma aquisição parcial, entre o próprio banco e outros investidores, de cerca de 30% do capital social do Novo Banco.
Questionado hoje sobre esta proposta, que segundo o jornal foi apresentada pelo grupo chinês como uma solução que daria tempo ao Novo Banco para se reorganizar, continuando o Fundo de Resolução como acionista maioritário, Hiroki Miyazato disse apenas que desejava o melhor para o Novo Banco e que sendo esse fundamental para a estabilidade financeira em Portugal, o grupo que dirige iria fazer “os seus melhores esforços” para ajudar numa solução.
Aquando do regaste do Banco Espírito Santo (BES), em agosto de 2014, o BES Investimento foi integrado no Novo Banco, tendo sido vendido em setembro de 2015 ao grupo chinês Haitong por 379 milhões de euros e denominado Haitong Bank.
O Haitong Bank tem Hiroki Miyazato como presidente do Conselho de Administração e José Maria Ricciardi como presidente executivo, cargo que já ocupava no BES Investimento.
O Novo Banco está atualmente em processo de venda, o segundo depois de o primeiro ter sido suspenso em setembro de 2015, com o Banco de Portugal a considerar que nenhuma proposta era interessante.
De momento foram quatro as propostas recebidas – dos bancos BCP e BPI e dos fundos Apollo/Centerbridge e Lone Star.
Os analistas que seguem o sistema bancário têm dito que o mais provável é que a venda do Novo Banco seja feita bem abaixo dos 4,9 mil milhões de euros que foram injetados na instituição, colocando pressão sobre o resto do sistema bancário, que poderá ter de arcar com os custos.
O futuro do Novo Banco, do qual já saíram mais de mil trabalhadores só nos últimos 12 meses, é uma incógnita, tendo o Governo dito numa carta para a Comissão Europeia, em julho, que não iria injetar mais dinheiro e que se o banco não for vendido será liquidado.