O ministro das Finanças, Mário Centeno, diz que a sua principal tarefa passa pelo cumprimento do compromisso orçamental e pela redução da despesa pública, de forma a evitar que se coloque um cenário de segundo resgate a Portugal. A resposta foi dada em Brastislava à televisão CNBC, à margem do encontro dos ministros das Finanças da zona euro que se realizou este fim de semana na capital da Eslováquia. O ministro respondia à pergunta sobre se faria tudo para evitar esse segundo resgate.

A possibilidade de Portugal ter de recorrer a um segundo empréstimo internacional voltou a ser tema de análise em alguma imprensa internacional e de bancos de investimento. E questionado sobre o que faria para evitar esse cenário, Mário Centeno respondeu: “Essa é a minha principal tarefa”. E sublinhou aquilo que o governo tem estado a fazer: “Estamos a fazer um enorme esforço para estabilizar o nosso setor financeiro, o que é crucial para a economia crescer. Também estamos a promover um programa muito ambicioso de reformas, para manter em Portugal os quadros mais qualificados e permitir às empresas investir. Isso é muito importante para o quadro geral.”

Questionado pela CNBC sobre a perceção internacional de que o governo socialista estava a inverter as reformas feitas pelo anterior executivo, o ministro das Finanças reconheceu que essa interpretação errada resultou do facto da política do governo ter colocado o “foco na recuperação do rendimento e na descida de impostos“. Centeno realçou contudo que este caminho “já estava previsto, porque as medidas — corte no rendimento e aumento de alguns impostos — tinham uma natureza temporária.

Centeno assinalou ainda que será dado um maior enfoque nas reformas para colocar o crescimento e as exportações a um nível mais elevado. O fantasma de um segundo resgate voltou a ser colocado em cima da mesa numa análise do jornal Financial Times que alertava para o risco de Portugal estar exposto a uma “tempestade perfeita”: baixo crescimento económico, investimento em queda, fraca competitividade, défices orçamentais persistentes e um setor bancário subcapitalizado que é dono de uma parte demasiado grande da enorme dívida pública do país”.

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Os juros das Obrigações do Tesouro portuguesas estão esta segunda-feira a subir para os níveis mais altos desde julho, em reação aos sinais dados pelo governador do Banco Central Europei, Mario Draghi sobre o arrefecimento do programa de compra de ativos e, em particular, de dívida pública de vários países do euro. De acordo com o índice da Bloomberg, a dívida portuguesa apresenta a performance mais negativa da zona euro.

O ministro das Finanças explicou também a recapitalização da Caixa Geral de Depósitos, realçando que foi aprovado um plano muito ambicioso e escolhida uma equipa muito profissional para a nova administração e uma nova política de incentivos.

“Penso que o mercado vai perceber isto mais facilmente, porque vamos realizar uma operação muito ambiciosa e orientada para o mercado. Estamos confiantes que vamos conseguir levantar 500 milhões de euros em dívida subordinada” para financiar a recapitalização da Caixa, disse.