O painel tinha por tema “as esquerda e as desigualdades” e nas três cadeiras dispostas no palco da conferência que o PS organizou, este sábado em Coimbra, estavam representantes dos partidos que sustentam o Governo no Parlamento: PS, BE e PCP. A primeira a falar foi a deputada bloquista Mariana Mortágua, com uma extensa análise da situação social no país e uma conclusão: “Temos de perder a vergonha e ir buscar a quem está a acumular dinheiro”. A sala socialista rompeu num aplauso. Pouco depois seria a vez do PCP deixar um desafio e dizer que estará atento ao Orçamento para o próximo ano, concretamente em matéria de pensões.

A deputada do Bloco de Esquerda não passou ao lado do novo imposto, cujo anúncio surgiu esta semana depois de um acordo entre o BE e o PS nas negociações do próximo Orçamento do Estado, e foi quando o referiu que os socialistas que a ouviram reagiram. “Temos de perder a vergonha de ir buscar a quem está a acumular dinheiro”. À frase, a deputada juntou logo o exemplo: “Quando estamos a apresentar taxas sobre grandes patrimónios ou grandes rendimentos, fazemo-lo porque queremos reduzir as desigualdades”. E ainda. “Não temos de ter vergonha de ter uma política social deste género”. Os socialistas presentes no Convento de São Francisco, em Coimbra, soltaram um aplauso forte à deputada do Bloco de Esquerda.

E Mariana Mortágua avançou nas conclusões, aproveitando o embalo, e atirou ao “sistema capitalista”. E também um novo desafio ao parceiro parlamentar: “Cabe ao PS, se quer pensar as desigualdades, dizer o que acha deste sistema capitalista e encontrar alternativa a este sistema”. E isto porque, de acordo com a deputada do BE, “as desigualdades vêm do funcionamento do sistema capitalista como está a funcionar hoje. E a economia e o sistema a funcionar que geram as desigualdades”.

O problema está no funcionamento do problema económico. Eu posso arranjar mecanismos que me permitam, através do Estado Social, mitigar as desigualdades, mas não vou acabar com as desigualdades se não mexer no sistema que produz as desigualdades”, diz Mariana

E o desafio do PCP para o OE/2017?

Já o sindicalista e antigo deputado do PCP Eugénio Rosa subiu ao púlpito para uma longa exposição sobre a desigualdade salarial e fiscal no país. Depois de falar do seu estudo, o economista não deixou passar a oportunidade para lançar um desafio claro aos socialistas, a um mês da entrega do Orçamento do Estado para 2017 no Parlamento. “Há uma situação grave e até de pobreza de mais de 2 milhões de pessoas com pensões inferiores a 250 euros“, começou por dizer para logo a seguir pedir:

Há necessidade de alterar isto e encontrar uma fórmula para 2017, para evitar que esse grande grupo de população perca a sua esperança num Governo socialista apoiado pela esquerda”.

Eugénio Rosa classificou “de miséria” os últimos aumentos das pensões e disse mesmo, no âmbito do desafio deixado no palco socialista, que os comunistas vão estar “aqui para ver o Orçamento para 2017”.

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