1. Foi a estreia internacional da marca
Pela primeira vez, Pedro Pedro agarrou a oportunidade de pisar uma passerelle além-fronteiras e estreou-se na Milano Moda Donna. Em 2006 e 2007, o criador português já tinha participado na Semana de Moda de Paris quando integrava a dupla Pedro Waterland mas só este domingo, 25 de setembro, é que conseguiu concretizar um sonho a título individual. “Pareço relaxado mas por dentro estou louco”, confessou Pedro Pedro ao Observador minutos antes do desfile em terras italianas.
O lugar em Milão, cedido por Miguel Vieira que passou a participar na Semana da Moda de Nova Iorque, oficializa uma nova era da marca que deixa de estar incluída no calendário da Moda Lisboa para apostar na internacionalização. “Tive de fazer opções para o futuro”, explicou o designer cujas criações passarão a desfilar exclusivamente no Portugal Fashion. “A Semana de Moda de Milão é uma plataforma que pode ajudar a divulgar a marca, a conquistar clientes, a alcançar novos mercados e a aumentar as vendas.”
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2. Toda a coleção quebrou regras…
Para a estação de primavera/verão 2017, Pedro Pedro não só decidiu explorar — segundo o próprio — formas estranhas como ainda fez de texturas de inverno (como veludo, tricotados e rede de camurça) as grandes estrelas da coleção ao som de Lykke Li.
Eu tentei brincar um bocadinho com as formas e arranjar alternativas diferentes para vestir as coisas. Por exemplo, as saias podem usadas como calças e as camisolas podem ser vestidas só com uma manga ou amarradas ao pescoço”, afirmou. “Já o veludo, para mim, é um material que remete para um lado fantasioso e representa toda a inspiração, remete para David Lynch, um realizador e argumentista norte-americano conhecido pelos filmes surrealistas de sonhos.”
Razão pela qual Pedro Pedro decidiu seguir a grande tendência dos criadores internacionais e não limitou o processo criativo a uma estação do ano. Em “Dune”, abundam silhuetas abstratas, peças com acabamentos esfarrapados, formas oversized e tricotados fluidos. São poucas as tonalidades de amarelo e rosa mas muitas as malhas, viscose e algodões em bege, preto e azul — os tons assinatura do designer português.
3. …dentro e fora da passerelle
Os coordenados não só desfilaram na passerelle milanesi como ainda marcaram presença na feira White desde o dia 24 de setembro, ao lado das propostas de Hugo Costa, Luís Buchinho, Susana Bettencourt e a marca TM Collection. “A marca, para ser financeiramente autónoma, tem de ter uma parte comercial muito forte”, contou Pedro Pedro ao Observador. Os frutos da internacionalização já chegam em forma de pré-encomendas. “Há um mercado italiano que da última vez que estive cá nem me ligou muito e agora é diferente”. Uma boa notícia que, no futuro, poderá ajudar a marca a aumentar os seus pontos de venda e a duplicar a produção.
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4. Até os penteados tinham um toque português
Ou melhor: made in e by Portugal. Vasco Freitas foi o fashion stylist responsável pelos cabelos das modelos de Pedro Pedro. “Criámos um penteado mais desconstruído que representasse uma viajante do deserto, uma heroína queimada pelo sol com o cabelo desmanchado”, contou o criador português. O profissional que segura o pente nos bastidores decidiu então apanhar parte do cabelo superior das manequins e imitar rastas com algumas madeixas do cabelo e bastante laca.
5. A concorrência era (muito) forte
Se o desfile do portuense Pedro Pedro estava marcado às 19h30 na Via Savona, a apresentação da reconhecida Missoni (agendada para às 19h) não deu tréguas ao design 100% nacional. Um pequeno pormenor que não impediu que a sala se enchesse de bloggers, fotógrafos e buyers que reforçam a importância deste mercado europeu para a moda de autor nacional. Pedro Pedro segue agora para casa onde vai marcar presença na edição nacional do Portugal Fashion de 12 a 15 de outubro.
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O Observador viajou para Milão a convite do Portugal Fashion.